Um dos mais brilhantes “troféus” do padre Pio foi o jornalista Alberto Del Fante, professor do Colégio Voltaire, de Bolonha. E que se tornaria o cronista oficial de San Giovanni Rotondo. Em seu livro Da dúvida à fé reuniu os testemunhos, devidamente assinados e muitos deles corroborados por certificados médicos, de quarenta e sete pessoas agraciadas pelo padre Pio.
Com sua obra, Del Fante ajudaria a abrir caminho para Deus a uma multidão de gente em situação semelhante à dele. Além de oferecer um grande peso à história do padre Pio, que ele apresenta não apenas como taumaturgo, senão também como “pai das almas”, terno e humano.
A exemplo de tantos outros, Del Fante no começo não acreditava nele.
E muito menos em seus Milagres. Tudo não passava de ilusão. Ou, pior, de mentira fabricada com segundas intenções. Numa série de artigos virulentos, publicados em Italia Laica, chamava padre Pio de mistificador, charlatão e patife, explorador de ignorância de uma multidão ingênua e crédula.
Mas a resposta do céu não tardou. Chegou sob a forma da cura misteriosa de um sobrinho desenganado. Contra a vontade do tio, um amigo foi pedir ajuda ao “impostor” de San Giovanni Rotondo, e vinte e quatro horas depois, com estupor dos médicos, o rapaz estava curado.
Intrigado, Del Fante decide ir conhecê-lo e observá-lo. Para não cair em equívocos, vai registrando dia a dia suas impressões. Mistificador ou santo? – pergunta a si próprio, desde o primeiro encontro. Sua impressão inicial é que se trata de um “padre como qualquer outro”, e propõe-se a desafiá-lo.
“Confessei-me sem fé, sem entusiasmo, como se me encontrasse diante de um padre como qualquer outro. Uma coisa, porém, me impressionou: aquele homem conhecia meus pecados. De saída me disse que eu pertencia a uma associação que reconhece Deus, mas não aceita seus ministros. Talvez o seu modo de falar lhe tenha dado a entender ser eu franco-maçom! Discorremos longamente sobre a filosofia, que substitui a fé pela consciência. Passamos em revista Santo Agostinho, Spinoza, Descartes, Stuart Mill, Spencer e outros filósofos modernos”.
No fim lhe falei:
– Padre, eu sempre procurei orientar minhas ações para o bem e se, às vezes, o animal triunfava sobre o homem, a consciência logo me advertia:
faça isto, não faça aquilo… Nunca tive fé, mas isto não me impediu de ser honesto…
– Honesto? – questionou o Padre. – Honesto? Lembra-se daquilo e daquilo?
E passa a revelar-lhe detalhes que, de maneira alguma, podia saber.
Mas também a graça de Deus exige tempo para agir. No diário, Del Fante vai assinalando humildemente os degraus de sua conversão: “Lutei, chorei de raiva…” Acabou, porém, rendendo-se, e como era um homem inteiriço, o fez com seriedade e para sempre.
Antes de partir para San Giovanni Rotondo, pediu orações por sua esposa, que estava prestes a ganhar mais um filho.
– Certamente, certamente – respondeu padre Pio – Deus disse: “Crescei e multiplicai-vos”. E à queima-roupa lhe indaga:
– Mas terá sua mulher leite para a pequenina que vai nascer?
Estupefato, o jornalista responde:
– Era justamente isto que eu desejava recomendar-lhe.
– Pois vai ter leite, sim. É justo que uma mãe amamente seu bebê, tanto mais que para os últimos dois vocês tiveram de contratar uma ama de leite.
No seu passo vacilante, padre Pio dirige-se à porta da sacristia, deixando Del Fante boquiaberto. Como era possível que ele conhecesse aqueles pormenores? Fosse como fosse, a predição dele realizou-se à letra.
A reviravolta pela qual passou sua vida aparece nestas palavras: “Eu era franco-maçom. Um ateu. Não cria em nada. Padre Pio me deu uma vida nova sob todos os pontos de vista. Hoje rezo, vou à igreja aos domingos. Fico feliz ao ver meus filhos fazer o sinal da cruz antes das refeições, para agradecer a Deus o pão que nos concede. Agora eu recebo os sacramentos e me alegro enquanto espero a Comunhão. Aquele que tem coragem de abraçar a fé compreende a minha felicidade. Deus concede tudo aos que o amam”.

Padre Pio O Santo do Terceiro Milênio/pág 226

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