Nasci há sessenta anos, em Pamplona. Sempre tive, em minha infância, o carinho de meus pais e avós. Educados nas Teresianas, distanciei-me pouco a pouco da vida de piedade, convencida de que a religião não devia ser imposta a ninguém.
Passei muitos anos em busca de uma ansiada felicidade…material, evidentemente: mantinha relações sexuais sem sentido pleno; casei-me no civil em Londres, em 1977, para não abjurar da religião católica…
Rebeldia, orgulho e teimosia eram as características predominantes de minha personalidade; nesse período, passei anos inteiros sem confessar nem comungar.
Dei à luz três filhos, ou melhor dizendo, a dois, pois do terceiro sofri um aborto natural que me deixou uma tremenda inquietação.
Minha vida era um completo desastre: separações, novas relações sentimentais, amantes, loucuras de todo tipo…
Até que, em 2002, tendo falecido meus pais depois de longas enfermidades, diagnosticaram-me um câncer de mama durante um exame de rotina. Medo, angústia e uma terrível impotência se apoderaram de mim.
Numa daquelas noites, incapaz de conciliar o sono, clamei ao Senhor: “Não posso mais”.
Senti de imediato uma serenidade inexplicável e adormeci.
Por fim, decidiram operar-me. Enquanto me recompunha da intervenção em casa, no dia 16 de junho de 2002, segui com inusitada devoção à cerimônia de canonização do Padre Pio transmitida pela televisão.
Eu só tinha conhecimento do novo santo por uma gravura que o último homem com quem convivi conservava zelosamente.
Naquele verão, submeti-me à sessões de radioterapia, acompanhada sempre por uma biografia do Padre Pio. Enquanto me submetia ao tratamento, tomava conta de mim uma incrível sensação de paz que anulava minha hipocondria natural.
O médico comprovou, muito espantado que minha pele não reagia aos efeitos do tratamento de choque, mantendo-se regular e suave; chegou a perguntar-me que creme eu usava.
Meu único unguento, porém, era o da alma: rezei a novena de Nossa Senhora do Carmo com grande fervor durante as primeiras sessões de radioterapia.
Tampouco deixei de pedir ao Padre Pio por minha cura física e espiritual. Acabei por confessar-me com o pároco de Errazu, recebendo o dom das lágrimas por ter ofendido tanto a Deus.
Conheci depois o frade franciscano Javier Garrido, que dava cursos sobre a fé. Assisti à Missa na Igreja dos Capuchinhos de Pamplona, onde soube da existência de um Grupo de Oração do Padre Pio, ao qual aderi em seguida. Minha fé se fortaleceu muitíssimo desde então. Descobri a grande maravilha do Cristianismo: o Amor Supremo do Pai, que nos entregou seu Filho, com o Espírito Santo sempre atuando: a Paixão, Morte e Ressurreição… O grande mistério, em suma, do Amor.
Sinto-me hoje como o filho pródigo do Evangelho, abraçada pelo pai; minha relação com os outros também se modificou. Estou convertida e curada.
Gostaria de ser sempre um instrumento fiel nas mãos de Deus. Peço ao Espírito Santo que me ilumine. Também peço à Virgem e ao Padre Pio. Com sua inefável ajuda, levarão Deus ao conhecimento das pessoas, amando a todos os que ainda não receberam, como eu, o Grande Presente de sua vida, com maiúsculas.
Maria Carmem Hernández Rivero
Pamplona (Espanha)
Livro: Padre Pio
os milagres desconhecidos do santo dos estigmas.
José María Zavala
Página 144
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