Satanás ia-se vingando. “Em certos momentos”, – escrevia Padre Pio – “pouco falta para eu ficar louco, tal é o empenho contínuo para não ceder ao demônio, que se esforça por me arrancar dos braços de Jesus”…
“Muitas foram as sugestões diabólicas que me apresentou mentalmente, pensamentos de desespero e de desconfiança em Deus; pensei que fosse perder a razão…”.
Satanás tenta tudo para conseguir perturbar o entendimento existente entre Padre Pio e o Senhor. Parece que o inferno inteiro se mobilizou nessa tarefa.
O maligno quer isolar Padre Pio. Sabe que as cartas do confessor e do diretor espiritual, duas pessoas a quem o Padre está muito afeiçoado, lhe trazem conforto e esperança. E também sabe que as cartas que Padre Pio lhes escreve constituem um desabafo benéfico. Deseja então destruir essa ligação…
Para impedir que o Padre escrevesse aos seus diretores espirituais, Satanás fez-lhe sobrevir uma agudíssima dor nos braços. Provocava tumultos e algazarras, com estrondos violentíssimos, a fim de transtorná-lo e de fazê-lo perder a razão. Fazia-lhe desaparecer as cartas, ou então as rasgava.
O arcipreste de Pietrelcina, Dom Salvatore, recebeu uma carta da parte de Padre Benedetto, diretor espiritual de Padre Pio. As passagens relativas a Padre Pio não passavam de uma mancha negra e ilegível. Então o pároco abençoou a carta com água benta, e a mancha desapareceu.
Para tentar derrotar Padre Pio, o demônio recorria ainda, como é natural, às tentações dos sentidos. Também nesse contexto a luta foi renhida…
É um tormento contínuo, incessante. E Padre Pio, de temperamento sanguíneo, perde um pouco a paciência. Irrita-se com aqueles que deveriam estar do seu lado e ajudá-lo nessa luta sem igual, e em vez disso andam fugidos. Irrita-se, sobretudo, com o seu Anjo da Guarda.
Lidar com o sobrenatural já se tornou um hábito para ele. Comporta-se, por isso, com os seres celestes, como se fossem seus companheiros de viagem…
Padre Pio explicou que Satanás nunca o atormentava às quartas-feiras porque esse dia é dedicado a São José que, segundo a tradição cristã, é apontado como “terror dos demônios”. O Padre tinha uma enorme devoção ao pai adotivo de Jesus, e recomendava a todos que rezassem muito a esse santo, garantindo que ele é um protetor fortíssimo, sobretudo no momento da morte, ou seja, da separação desta terra.
Muitos de tais acontecimentos, que envolviam o céu e a terra, tinham lugar na torrinha, o pequeno cômodo situado contra as muralhas do bairro Castello, que era o quarto do Padre Pio. Por vezes o estrépito provocado pelo que se passava lá dentro era tão forte, que era ouvido a grande distância. A altas horas da noite, os vizinhos viam-se obrigados a sair de casa, assustados com tudo o que estava acontecendo. De manhã, a mãe de Padre Pio deparava com o quarto do filho de pernas para o ar: o colchão, as cadeiras e a cama, tudo revolvido, e o Padre tinha muitas vezes o corpo cheio de nódoas negras, devido às pancadas recebidas.
Aquele quarto continuou a ser alvo dos ataques de Satanás, mesmo depois da partida definitiva de Padre Pio. Durante vários meses, continuaram a ouvir-se estrondos e pancadas nas paredes. As cadeiras partiam-se sem que ninguém lhes tocasse. Michele, irmão mais velho de Padre Pio, viu-se obrigado a chamar um sacerdote para abençoar a casa. Só depois do exorcismo os rumores desapareceram definitivamente.
Livro Padre Pio
Um santo entre nós
Renzo Allegri
Página 153
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