Entretanto, em Pietrelcina, Francesco ia estudando. Depois de ter seguido as lições de Dom Tizzani, passou para a escola do mestre Angelo Caccavo, mais adequada para o curso liceal. Empenhava-se muito nos estudos e os resultados eram bons.
Tinha demonstrado imediatamente grande interesse pelo estudo, desde que frenquentara as lições noturnas do professor “Pettenacanne”.
Ubaldo Vecchiarino, seu amigo, que também era discípulo do mesmo mestre, costumava contar: “À noite íamos para a escola. Durante o dia, Francesco estudava e nós o provocavamos, atirando terra em cima do livro ou aproximava-nos dele por detrás, pé ante pé, e empurravamos-lhe o chapéu para os olhos. Ele aguentava tudo, não reagia nem dizia palavras incorretas. Contudo, na escola, só Francesco respondia às perguntas do mestre. Por isso ele prosseguiu os estudos e transformou-se em Padre Pio, e nós continuamos apascentando as ovelhas e nunca deixamos as enxadas”.
O empenho de Francesco aumentou quando passou para a escola de Dom Tizzani e de Caccavo. Vincenzo Salomone, que estudou com Francesco, recordava: “Quantas vezes o vi sentado frente à sua mesinha, curvado sobre os livros. Eu ia chamá-lo: ‘Franci, quer vir jogar botão?’. Ele levantava a cabeça, sorria-me e fazia-me sinal, como quem diz: ‘mais tarde’. Eu voltava a chamá-lo e ele repetia o mesmo sinal. Eu voltava ainda mais vezes, até o anoitecer”.
Francesco tinha deixado de levar as ovelhas para pastar. Também já não ia ajudar no campo. Ficava em casa estudando.
A família, porém, tinha de tratar da colheita. Durante os meses de verão, mudava-se para a quinta de Piana Romana, e Francesco ficava sozinho em Pietrelcina. Tinha de cozinhar, lavar a louça, limpar a casa e fazer a cama.
Ao que parece, era muito diligente em todas essas tarefas.
A senhora Virginia Faella, coetânea de Padre Pio, cuja casa ficava em frente à dos Forgione, contava que o via “regressar com os livros debaixo do braço, sério e comportado. Francesco detinha-se diante de uma imagem da Virgem, que se erguia num capitel próximo, para recitar uma breve oração; entrava em casa, deixava os livros e descia para ir buscar lenha, a fim de acender a lareira e fazer a comida”.
Geralmente aquecia os pratos que a mãe já lhe tinha preparado antes de ir para Piana Romana, mas às vezes ele próprio cozinhava batatas ou grão-de-bico.
Às vezes também usava o forno que havia próximo da casa, quando queria variar o tipo de cozedura das batatas, assando-as debaixo das cinzas, especialidade que muito lhe agradava.
Era um rapaz de 14 anos, muito sensível e consciencioso. Sentia responsabilidade daquilo que fazia. É provável que se cansasse de estudar, mas não esmorecia. Teria, provavelmente, vontade de sair um pouco, de ir brincar com os amigos, ou de passear ao ar livre, mas não saía.
Livro: Padre Pio
Um santo entre nós
Renzo Allegri
Página 63
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