Enquanto trabalhava a terra, pensava e repensava em quando Francesco dissera acerca de querer seguir a própria vida. Estudava todas as soluções possíveis para ajudá-lo. Percebia como tinha se enganado, não o enviando à escola no tempo certo. Agora se sentia obrigado a reparar o erro cometido.
Foi ele próprio que revelou, quando o seu filho já era famoso, como acabara por tomar a decisão.
“Eu tinha cinco ou seis ovelhinhas para uso da família”, contou ele, “e certo dia, enquanto o rapaz estava apascentando-as, detive-me a observá-lo e disse para mim mesmo: ‘Vejam só, por causa de algumas ovelhas este filho perde a escola’. Dirigindo-me ao meu filho, perguntei-lhe: ‘Franci, quer ir para a escola?’. ‘Claro que quero ir para a escola’, respondeu o menino. E eu prossegui: ‘Ah, você quer ir? Se aprender e não fizer como o seu irmão Michele, verá que ainda o faço monge’.”
“Uma segunda vez, observando-o de novo apascentar as ovelhas, fiz-lhe a mesma pergunta: ‘Franci, quer mesmo ir para a escola? Se aprender e não fizer como o seu irmão, faço de você um monge’. De novo Francesco asseverou que queria ir para a escola, para aprender.”
“Outro dia foi Francesco que me perguntou: ‘Afinal, quando vai me mandar para a escola?’. ‘Ah, você quer ir? Então vai já, para a escola.’ À noite falei com a minha mulher e decidimos mandá-lo para a escola particular, porque o rapaz tinha ultrapassado há muito a idade de ensino escolar obrigatório.”
Assim começou a aventura escolástica do futuro Padre Pio. O seu primeiro professor foi certo Mandato Saginario, a quem os conterrâneos chamavam “ Penttenacane”
(Penteia-canas), pois penteava o cânhamo para fazer sacos e toldos. Era um artesão com certo grau de instrução e, por meia lira ao mês, ensinava os filhos dos vizinhos a ler, à noite.
Ao mesmo tempo, Francesco usufruía da ajuda de Cosimo Scocca, irmão de seu amigo Mercúrio, que tinha dezessete anos e que frequentara os cinco anos da escola elementar.
Ao fim de aproximadamente um ano, porém, passou para a escola de um verdadeiro mestre, Dom Domenico Tizzani. Este queria cinco liras por mês, soma que naquela época era muito vultosa. Grazio recordava, já velho: “Eu pagava ao mestre cinco liras por mês, ou seja, meio tomolo de trigo (o tomolo correspondia a um volume de cerca de 55 litros). Depois o rapaz comia outro meio tomolo. Exigiam-me, portanto, um tomolo de trigo por mês para sustentá-lo”.
Dom Domenico foi incumbido por Grazio de completar o ensino elementar de Francesco e de prepará-lo para os estudos liceais. Devia iniciá-lo no Latim, na Literatura e na Matemática.
Livro: Padre Pio
Um santo entre nós
Renzo Allegri
Página 60
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