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Eis o que escreve Padre Pio: “Há alguns dias aconteceu-me um fato insólito. Por volta das 23 horas do dia 18 do mês passado, e enquanto eu me encontrava no coro com Frei Anastácio, percebi-me a grande distância, numa casa senhorial, onde o pai da família morria, ao mesmo tempo em que uma menina nascia. Apareceu-me então Maria Santíssima, que me disse: ‘Confio-te esta criatura. É uma pedra preciosa em estado bruto: trabalha-a, torna-a o mais reluzente possível, para que um dia possa adornar-me. Não duvides, ela própria virá ao teu encontro, mas antes a verás em São Pedro’. Depois disso encontrei-me novamente no coro”.
Eram palavras desprovidas de ênfase ou de assombro, que poderiam ter passado despercebidas. Frei Pio refere que, de repente, enquanto estava rezando, percebeu-se longe do coro da Igreja de Sant’Elia de Pianisi. Precisa que “era por volta das 23 horas do mês passado”, 18 de janeiro, portanto, o escrito é de fevereiro de 1905. Viu uma cena precisa e estranha: “… numa casa senhorial, o pai de família morria ao mesmo tempo em que uma menina nascia”.
A leitura pura e simples dessa pequena página não suscita qualquer emoção. Poderíamos pensar que Frei Pio tinha tido um sonho, tinha imaginado uma experiência fantástica, tinha tido uma sugestão interior de tipo simbólico. No entanto, ao sabermos que a história viria a se realizar tal como é descrita, até nos mínimos detalhes, ficamos muito admirados.
Foi isso que aconteceu a mim, quando me encontrei frente à protagonista daquela experiência, a menina nascida enquanto o pai morria, numa casa senhorial, e que mais tarde iria encontrar- se com Padre Pio depois de terem visto em São Pedro, em Roma.
Essa senhora chamava-se Giovanna Rizzani Boschi. Digo que se chamava, porque já morreu. Conheci-a em 1982, quando ela tinha 77 anos e vivia em Trevi Umbro, perto de Foligno. Era uma mulher extraordinária, de um espírito tão fascinante e vivo que me lembro daquele encontro na sua bela casa como se tivesse ocorrido há poucos dias.
Giovanna, proveniente de uma nobre família friulana, tinha nascido em Udine, precisamente por volta das 23 horas do dia 18 de janeiro de 1905. Enquanto nascia, o seu pai, atingido há alguns dias por um enfarte, morria.
Tudo como Frei Pio tinha visto e depois anotado no seu caderno.
Em seguida, Giovanna fora levada por sua mãe, agora viúva, para Roma, onde crescera. Certo dia de 1922, aos 17 anos de idade, atormentada por problemas de fé, tinha ido visitar a Basílica de São Pedro acompanhada de uma amiga.
Enquanto caminhava sob a abóbada daquela grande Igreja, viu um jovem frade capuchinho e sentiu um desejo intenso de se confessar, de confiar ao Sacerdote as suas dúvidas. Pediu ao frade se teria a gentileza de escutar a sua confissão, ao que ele assentiu, enquanto entrava num dos muitos confessionários ali existentes. Giovanna confessou-se e recebeu daquele religioso palavras tão reconfortantes que a levaram a permanecer ali, no fim da confissão, e a esperar que o irmãozinho saísse para tomar nota do seu nome e de sua morada, e para voltar a falar com ele. Mas o frade nunca mais saía. Tinha-se volatizado. Com efeito, quando chegou a hora de fechar a Igreja, Giovanna procurou dentro do confessionário, com a ajuda de um sacristão, e não encontrou nenhum Sacerdote.
No ano seguinte, ouviu falar de certo frade carismático, chamado Padre Pio, que vivia em San Giovanni Rotondo, tinha estigmas e operava prodígios extraordinários. Sentiu o desejo de visitá-lo.
“Em San Giovanni Rotondo encontrei muita gente, e todos queriam falar com Padre Pio”, contou-me Giovanna Rizzani. “O corredor que ligava a sacristia ao convento, e por onde ele deveria passar, estava apinhado. Consegui encontrar um lugar na primeira fila. Enquanto passava, Padre Pio deteve-se à minha frente, olhou-me nos olhos e, sorrindo, disse-me: “Giovanna, eu conheço você: você nasceu no mesmo dia em que seu pai morreu’. Na manhã seguinte fui-me confessar. Depois de me abençoar, Padre Pio disse-me: ‘Minha filha, finalmente vieste. Há muitos anos que te esperava’. ‘Padre’, respondi, ‘talvez esteja me confundindo com outra pessoa’.
‘Não, não estou enganado, também você me conhece’, acrescentou ele. ‘É impossível, é a primeira vez que venho a San Giovanni Rotondo. Até há poucos dias nem sequer sabia da sua existência.’ ‘No ano passado’, prosseguiu o Padre, ‘numa tarde de verão, você foi com uma amiga a Basílica de São Pedro, em busca de um Sacerdote que pudesse iluminar as suas dúvidas sobre a fé. Encontrou um capuchinho e falou longamente com ele. Esse capuchinho era eu.’ Após uma breve pausa, Padre Pio continuou: ‘Quando você estava prestes a nascer, a Virgem levou-me até a sua casa, em Udine, fez-me assistir à morte do seu pai e depois recomendou-me que a tomasse ao meu cuidado. Você me foi confiada pela Virgem e tenho obrigação de pensar na sua alma’. Ao ouvir aquelas palavras, desatei a chorar e, a partir daquele momento, Padre Pio passou a ser o meu confessor, o meu diretor espiritual; passou a ser tudo para mim.”

Livro: Padre Pio
Um santo entre nós
Renzo Allegri
Página 103

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