Após ter vivido em vários lugares, frei Pio foi morar em San Giovanni Rotondo onde permaneceu definitivamente. Naquele tempo, era um povoado isolado localizado na região do Monte Gargano. Não havia estradas em boas condições nem luz elétrica. Nem mesmo saneamento básico. Por meio de uma estreita ladeira, podia-se chegar ao Convento dos Frades Capuchinhos, situado em uma área rochosa.
No flanco da montanha, localizavam-se a humilde habitação dos frades e, ao lado, a construção da Igreja dedicada a Santa Maria delle Grazie (Santa Maria das Graças) com uma cruz indicava ser um templo religioso. Segundo dados históricos, São Camilo de Lelis (1550 – 1614) havia feito aí seu noviciado, porém teve de abandonar a ordem dos Frades Capuchinhos por causa de uma ferida incurável.
Esse cenário de recolhimento e de solidão acolhia frei Pio em sua nova etapa de vida: ele sentiu-se bem fisicamente por causa do ar e do clima próprios da localidade que ficava a seiscentos metros do nível do mar. Dali em diante esse seria o lugar das atividades apostólicas que tornariam tanto ele, quanto o convento e até mesmo o povoado referências de peregrinos do mundo inteiro. Ali o frade se santificaria mediante a entrega à oração, ao apostolado e à carga pesada de sofrimentos.
Não faltariam, de fato, momentos difíceis na vida de frei Pio, mostrando uma luta que seria travada por ele na quietude aparente de San Giovanni Rotondo. No começo, foi-lhe entregue o cargo de orientador de jovens desejosos de conhecer a vida religiosa franciscana: dava-lhes formação espiritual e os apoiva com seu exemplo de constante oração. Também se dedicava ao atendimento das confissões não só deles, mas de quantos o procuravam no convento. Aliás, o número de penitentes foi aumentando de tal forma que dedicava suas manhãs inteiramente à atividade do confessionário.
Além disso, costumava acompanhar de perto a vida das pessoas, oferecendo-lhes orientação espiritual por meio de aconselhamento pessoal ou mesmo por cartas. Em seu quarto, no tempo vago, ocupava-se em responder por escrito aos penitentes que esperavam uma palavra de incentivo ou de esclarecimento sobre a vida cristã. Desta forma, estava trilhando um caminho de intenso apostolado. Deus tinha um plano para o frade que deveria tornar-se sal da terra e luz do mundo!
Um fato marcante se deu em 5 de agosto de 1918, no Convento de Santa Maria delle Grazie. Enquanto estava absorto na contemplação dos sofrimentos de Jesus, um misterioso personagem lhe apareceu, atravessando-lhe o coração com uma lança ardente. Acabava por ter a experiência pela qual outros santos na história da Igreja Católica haviam passado. Tratava-se do fenômeno místico chamado de transverberação. À semelhança de Santa Teresa D’Avila
(1515 – 1582) e São João da Cruz ( 1542 – 1591), seu coração foi transpassado por uma lança: algo inusitado, assim descrito pelo próprio frei Pio: “Foi como uma espada de fogo que transpassava a minha alma e fazia arder meu coração de um amor ardente por Jesus”. Sem dúvida, era o anúncio daquilo que aconteceria no mês seguinte.
Livro: São Pio de Pietrelcina
Servidor de Deus
Frei Diogo Luís Fuitem
Página 29
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