O extraordinário dom que não limitava o auxílio de Padre Pio.

Outro admirável carisma do Padre Pio foi o da bilocação que, injustificadamente, alguns biógrafos denominam ubiquidade.
Consiste na faculdade, concedida por Deus a alguns raros privilegiados de estarem simultaneamente em dois diferentes lugares.
Trata-se de um fenômeno cientificamente inexplicável, pois supõe uma reversão das leis da natureza, que não permite a alguém estar no mesmo tempo em dois lugares, tanto mais quando separados por centenas ou milhares de quilômetros. No entanto, na vida dos santos, encontrava-se com certa frequência este fenômeno, sem dúvida um dos mais surpreendentes das almas místicas. Entre os agraciados, figura Santo Antônio que, enquanto pregava em Pádua, era visto em Lisboa, no tribunal, defendendo um pai injustamente acusado de homicídio. E Santo Afonso de Ligório que, sem deixar de manter-se visível em Nórcia, imóvel na sua poltrona durante dois dias, se dirigia em bilocação à cabeceira do papa Clemente XIV, do qual bem logo participava dos funerais.
Outro tanto aconteceu com São Domingos, transportado para o interior de uma igreja, diante de cujas portas se detivera em oração. E com Santa Rita de Cássia, que certa manhã foi encontrada no coro da pequena igreja das agostinhas, apesar de todas as portas se encontrarem fechadas, como exigia a regra da clausura. Temos por fim o caso de São Vicente Pallotti, em Roma. Enquanto confessava um rapaz, fechou os olhos e ficou desacordado por alguns minutos. Soube-se depois que estivera atendendo a um doente noutra cidade.
Quanto ao padre Pio, sabemos que, depois de estabelecer-se em San Giovanni Rotondo, nunca mais saiu do convento, a não ser para votar nas eleições e, nos últimos anos, para alguma rara visita ao hospital. No entanto, sua história registra uma longa série de testemunhas, que garantem tê-lo visto e falado com ele até nos lugares mais impensados do globo.
Sabendo das torturas que muitos católicos sofriam nos cárceres de países comunistas, por causa de sua fé, visitou e consolou a não poucos deles.
Na Hungria foi confortar o cardeal Mindzensty na prisão; na Iugoslávia, se fez presente ao cardeal Wyszynski e seus colaboradores. Ao primeiro levou um cálice, possibilitando-lhe assim celebrar Missa na prisão, acolitado pelo próprio padre Pio. Além destes, sabe-se por testemunhas fidedignas que esteve na Sibéria, na Tchecoslováquia e outros países dominados pelo comunismo. Neste particular, foram tantos os casos que se torna quase impossível elencá-los.
A frequência com que lançava mão desse carisma, como forma de pluralizar-se de acordo com as necessidades de seus filhos espirituais, mostra que o dom da bilocação acabara se transformando para ele num instrumento ordinário de trabalho.
Entre as testemunhas figuram nomes da mais alta respeitabilidade, como os arcebispos de Florença e de Montevidéu e muitos Padres, que certamente não podem ser acusados de alucinação.
Em Roma, padre Pio foi visto em oração junto ao túmulo do papa Pio X, e igualmente na basílica de São Pedro, em 1925, acompanhando a canonização de Santa Terezinha do Menino Jesus, com a qual tinha profunda afinidade espiritual. O testemunho é de Dom Orione, fundador da congregação Pequena Obra da Divina Providência, que assegurou tê-lo visto com os próprios olhos, quando, na realidade, se encontrava em San Giovanni Rotondo.
Vários de seus penitentes tiveram ocasião de presenciar o momento em que entrava em bilocação. Interrompia abruptamente a conversa ou a confissão, pedindo:
_ Pare!
E por algum tempo ficava como que ausente. Parecia estar à escuta. Notava-se que murmurava alguma coisa, gesticulava, voltava a ficar imóvel. Por fim dava um profundo suspiro e continuava atendendo a pessoa ou as pessoas que estavam a seu lado.
Mas era sobretudo à noite que ele costumava tomar seu ” avião celeste ” para viajar pelo mundo, animando, socorrendo, curando e assistindo a sua imensa família de milhões de pessoas, distribuída por toda a geografia da Igreja, segundo ele próprio confidenciou ao padre Mariano: ” Durante a noite ando sempre girando por aí. Então não tenho clausura a respeitar e não preciso obedecer aos meus superiores “. Era uma forma de complementar suas atividades diárias em San Giovanni Rotondo.