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Por mais estranho que possa parecer, os estigmas não despertaram grande alvoroço no interior do convento de San Giovanni Rotondo.
Num primeiro momento, os três frades que viviam com Padre Pio não perceberam o que tinha acontecido. Viram manchas de sangue, notaram os curativos nas mãos do seu confrade, repararam no seu sofrimento, mas tudo isso vinha juntar-se a um “hábito” já estabelecido de sofrimento e doenças estranhas, que desde há anos caracterizava a vida daquele religioso. Por essa razão, cada um continuou a desenvolver a sua própria atividade, sem prestar atenção a mais um, dentre tantos e inumeráveis mistérios.
As primeiras pessoas a intuir a ocorrência foram algumas mulheres.
Desde a sua chegada a San Giovanni Rotondo, Padre Pio tinha formado um grupo de moças que, sob a sua orientação, se dedicavam a uma profunda vida de oração. Todas as manhãs, ao alvorecer, iam ao convento para assistir à Missa do Padre, e depois ficavam para a meditação. Eram as suas primeiras “filhas espirituais” e também foram as primeiras a compreender.
Curiosa analogia com que narra o Evangelho a propósito da Ressurreição de Jesus. As primeiras a ter conhecimento do fato e a encontrar Jesus ressuscitado foram as “santas mulheres”.
Padre Paolino de Casacalenda, superior do Convento de San Giovanni Rotondo, conta nas suas Memórias que ele, responsável da comunidade religiosa, e portanto também de Padre Pio, veio a saber dos estigmas através de uma dessas filhas espirituais.
Assustou-se. Compreendeu que era um fato delicado que poderia trazer problemas: “Não ignorava” escreveu ele, que esse acontecimento nos reservaria grandes surpresas quando o público dele viesse a tomar conhecimento, e por isso, sem querer, estávamos todos sujeitos à maior das responsabilidades”.
Decidiu indagar. Quis saber, e Padre Pio não pôde esquivar-se a revelar o que sucedera. No entanto, o fez com aquela relutância que lhe era congênita. Foi ainda constrangido a mostrar as suas chagas.

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