Um tarde, após as confissões dos homens, desloquei-me ao convento, na esperança de cumprimentar o padre e lhe beijar a mão.
Cheguei à pequena igreja do santuário e encontrei-a vazia: os peregrinos já se tinham confessado todos.
Fui à sacristia e ouvi o padre repreender um rapaz, de cerca de dez anos, quando se levantava do genuflexório onde se estava a confessar.
Vinha a rir-se em direção a mim. Fiquei perturbado. Perguntei-lhe em tom sério: “ Porque te ris? O padre expulsa-te da confissão e tu vens embora a rir?”
“Expulsou-me porque fiz coisas más e ria-me”, respondeu-me. “E, quando te repreendeu, que fizeste?” “Continuei a rir.”
Completou assim o relato com impressionante superficialidade mais do que com maliciosa arrogância. À medida que lhe explicava a gravidade do pecado, como ofensa a Deus e causa da morte de Jesus, e do castigo do inferno, o rapaz deixava apagar o sorriso burlesco que tinha nos lábios e, tornando-se mais sério, disse: “E agora posso confessar-me novamente?”
“ O padre já foi pra cima; é bom que te confesses a um outro frade”, respondi.
O rapaz confessou-se a um outro frade e no dia seguinte, com ar mais sério, recebeu a comunhão.
O padre terá tido certamente necessidade de o repreender e, para o rapaz, terá sido muito salutar para toda a vida.
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