Um notório e um engenheiro pediram-me para dar uma volta com eles. Eu não tinha vontade nem tempo.
Convenceram-me, com pretextos falaciosos: na verdade, disseram-me que queriam conselhos sobre como comportar-se em relação aos fatos que se estavam a verificar à volta do Padre.
Tomaram-me pelo braço de um lado e do outro e, mantendo-me bem apertado, levaram-me para o morro onde agora está a “Via crucis”.
Falavam-me das condições insustentáveis a que o Padre Pio estava submetido. Com estranha insistência, pediam-me para fazer alguma coisa porque, segundo eles, era o único capaz de desbloquear a situação.
As suas palavras, excessivamente lisonjeiras, soaram-me a falso: considerava-me e era de fato um simples sacerdote. Os gestos e palavras daqueles dois deram-me a nítida sensação de terem sido mandados e de eu ter sido apanhado na sua armadilha.
Perguntavam-me continuamente se o Padre Pio alguma vez, tinha desabafado comigo sobre o modo como era tratado pelo visitador, pelo superior ou pelos frades.
Eu inicialmente evitei a resposta, depois, embora pressentindo intimamente que estava perante dois amigos duvidosos, declarei, infelizmente, que o Padre Pio uma vez, em confissão, se tinha queixado disso
Mas, logo depois, os dois referiram ao superior a confidencialidade que me tinham arrancado. Na tarde do mesmo dia, este, advertido pelo frade Masseo da minha presença na igreja, ansioso e em tom severo intimou-me:”Padre Pierino, vá-se embora daqui! A sua presença não agrada aos frades.”
Fui-me embora, sem sequer ter podido cumprimentar o Padre Pio, o qual, informado do sucedido, sofreu imenso, como me confidenciou alguém que lhe tinha falado disso em confissão.
No ano seguinte, como se nada tivesse acontecido, foi-me permitido entrar no convento.
Uma tarde estava em companhia do Padre; e ele, antes de sair para rua, deteve-se na soleira da porta que, do corredor do refeitório, dava para o jardim.
Naquele momento chegaram o notório e o engenheiro. O Padre Pio, vendo os dois e olhando para mim, disse: “Olha, ali vêm os teus dois malfeitores.”
Olhamos um para o outro, sem dizer palavra.
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