Aos seis anos, o petiz começou a tornar-se útil em casa. Grazio confiou-lhe o cuidado das ovelhas. Eram umas seis ou sete, e Francesco foi incumbido de levá-las a pastar em Piana Romana, onde a família Forgione possuía os campos e a quinta.
Francesco entregava-se de boa vontade a essa tarefa. A terra da sua família, em Piana Romana, confinava com a de outras famílias amigas, que tinham filhos mais ou menos da sua idade, e por isso apascentava as ovelhas na sua companhia.
Contudo Francesco revelava exigências insólitas na escolha das amizades. Era uma criança com uma sensibilidade e uma graça particulares. Ia recebendo, de mestres invisíveis, uma educação mais refinada e mais elevada do que aquela que lhe podiam oferecer os seus pais camponeses.
Os testemunhos precisos das pessoas do seu tempo dão-nos a saber que tinha escolhido poucos amigos, tendo-o feito entre aqueles que “não falavam com maldade”. Gostava muito da companhia dos filhos da família Scocca, que também eram seus primos: Maria, Cosmo e sobretudo, Mercúrio. Gostava também dos filhos da família Orlando: Nicola, Luigi e Giuseppe. Outro seu amigo querido era Ubaldo Vecchiarino, dois anos mais velho do que ele. “Enquanto as ovelhas tasquinhavam a erva”, contaria mais tarde Luigi Orlando, “nós brincávamos e também lutávamos. Francesco vencia-me quase sempre, pois era maior do que eu. Uma vez, enquanto lutávamos, caímos, e ele empurrou-me as costas contra o chão. Tentei deitá-lo abaixo, com todas as minhas forças, invertendo assim a situação, mas debalde, e então soltei um palavrão forte. A reação de Francesco foi imediata: largou-me, ergueu-se e fugiu num abrir e fechar de olhos. Ele nunca dizia palavrões nem queria ouvi-los dizer. Por isso evitava os companheiros “de olhar falso”, ou seja, acostumados à palavra fácil, desprovidos de sinceridade, que não eram bons nem simpáticos”.
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