Esta é uma história que ocorreu mais perto de minha casa, na cidade de Donegal, onde até sua morte, há vários anos atrás, um de seus habitantes mais joviais e conhecidos era um homem chamado Christy Gallagher. Ele trabalhava no comércio de aves e ovos em grande escala e tinha o apelido de “Christy Ovo”.
Sua conversa, assim como sua atitude em relação à vida, era plena de vivacidade e de espirituosidade; poderia escutá-lo por horas.
Na maior parte, suas férias eram dedicadas às mais importantes corridas de cavalos na Inglaterra, em Epsom ou Ascot ou Newmarket. Quando ele retornava, podia-se sempre contar com uma narração detalhada e alegre do quê e de quem havia visto, às vezes até nos recintos reais!
Christy era “conselheiro regional” há muito tempo e era estimado, não somente em toda sua região, mas em boa parte do país.
Era um homem de grandes proporções físicas, tinha lutado boxe na juventude e parecia ainda transbordante de vitalidade. Por isso foi uma notícia devastadora sabermos que ele também era vítima da terrível doença que mata tanta pessoas em nossos dias.
Christy encarou o desafio de frente, travando uma luta corajosa e preparando-se com uma coragem para a derrota, caso ela acontecesse.
Christy tinha grande admiração por Padre Pio. Quando minha esposa disse à esposa dele, que, se ele quisesse, poderia lhe mandar um pedaço de bandagem que tinha envolvido uma das mãos de Padre Pio, ele ficou contentíssimo. Mandamos a bandagem para o hospital de Dublin, onde ele estava, dizendo-lhe que poderia ficar com ela pelo tempo que quisesse.
De vez em quando tínhamos notícias dele e eram invariavelmente as mesmas. Christy estava alegre como sempre e continuava a combater no “ringue” da vida como melhor podia. Porém, no final, a campainha do “último assalto” soou também para ele e soubemos que se foi — mas, como me contaram mais tarde, num cenário típico de Christy: alegre e colorido!
Certo dia, quando a esposa de Christy foi visitá-lo no hospital, encontrou-o eufórico.
Sabe o que aconteceu durante a noite? Christy perguntou a sua esposa — Padre Pio veio aqui, conversou comigo e perguntou-me se eu queria receber a Santa Comunhão! Depois de ter superado a emoção inicial, respondi: “Sim, por favor” e recebi a Comunhão.
Mas quando Padre Pio estava indo embora, depois de ter agradecido, Christy deu ainda uma prova de sua exuberante personalidade.
—- Padre — disse Christy —, há outro homem de Donegal, numa ala ao longo do corredor, e sei que ele também gostaria muito de vê-lo.
Christy estava realmente exuberante naquela manhã. Acreditava que aquela visita era um maravilhoso sinal de que ele estaria bem. Tinha perfeitamente razão, mas não seria da maneira que ele pensava.
Era o dia 23 de setembro de 1968 e, à noite, Christy foi fulminado pela notícia do falecimento de Padre Pio no rádio. Pouco tempo depois, numa manhã inesperada e serenamente, Christy se foi.

Livro Padre Pio
Histórias e Memórias
John McCaffery
Página 65

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