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A visão que Padre Pio tinha da vida era bastante concreta. Nada de fantasias ou sonhos inúteis. Com todas as experiências místicas pelas quais já passara, tinha conseguido focar a “verdade” da existência terrena no seu caráter essencial. Tinha sempre o valor autêntico das pessoas, que reside no seu estado real de “filhos de Deus”. Queria divulgar a todos essa verdade e ajudá-los a comportar-se em conformidade com ela. Mas essa verdade cristã não deve conhecer discriminações. Todos nós, homens e mulheres, somos filhos de Deus e irmãos uns dos outros.
Os termos “filhos”, “irmãos”, “pai”. “mãe” tinham para Padre Pio, significados carregados de sentimentos. Ele provinha de uma família sã e unida. O seu coração tinha amado sempre com generosidade e nobreza. O próprio Deus o tinha ajudado a crescer na dimensão harmoniosa dos grandes sentimentos, e tratava as suas filhas com essa enorme riqueza afetiva.
Mas, se ele era um anjo na terra, e procurava “despertar” o anjo em todas as pessoas das quais se aproximava, muitos outros prefeririam ser aliados dos anjos caídos. Estes não podiam ver a pureza do seu coração, das suas intenções, dos seus ideais. Viviam na lama e viam apenas lama.
Foi por isso que, no comportamento do Padre, vislumbraram malícia e começaram a construir castelos de calúnias.
Padre Pio não era ingênuo. Deu-se imediatamente conta do perigo que corria. Poderia salvar-se daqueles ataques, pondo fim à experiência a que dera corpo, abandonando ao seu destino as moças que lhe chamavam “pai”. No fundo, eram apenas moças pobres, insignificantes aos olhos do mundo. Se as tivesse abandonado, encerrando a experiência que com elas tinha começado, ninguém teria percebido. Elas se arranjariam, de igual modo, e ele seria deixado em paz, desapareceriam todas aquelas acusações.
Mas Padre Pio não o fez. Não o fez nessa altura, não o fez mais tarde, nunca o fez. Durante cinquenta anos continuou a lutar, mantendo-se fiel ao afeto que tinha prometido àquelas moças, e a todas as outras que viriam a tornar-se suas filhas espirituais. Durante cinquenta anos, os seus inimigos continuaram a acusá-lo com calúnias infames, que lhe faziam o coração sangrar.
Padre Pio, porém, não mudou de comportamento, justamente porque a sua escolha tinha um significado preciso e importante. Era uma mensagem
“histórica”, uma indicação profética. Do seu amor e do empenhamento daquelas moças estava nascendo uma nova espiritualidade, a dos “Grupos de Oração”, da fraternidade, da família e dos sentimentos.

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