Padre Pio oferece seu olho em oração e o extraordinário aconteceu.

Houve, no entanto, algumas curas inegavelmente espetaculares atribuídas às orações de Padre Pio. Um dos casos mais famosos foi o de Giovanni Savino. Um trabalhador rural que vivia em San Giovanni com sua esposa e filho, era extremamente devoto – a tal ponto que Padre Pio o provocava: “Por um triz você fugiu da vocação. Se ao menos tivesse começado a me visitar antes de se casar!”
Em fevereiro de 1949, Savino, que tinha então trinta e cinco anos, trabalhava na construção de um anexo ao convento. Todas as manhãs participava da Missa celebrada por Padre Pio às 5h, antes de ir trabalhar. Ao meio-dia, após a missa, ele ia à sacristia e se ajoelhava com vários outros para receber a bênção de Padre Pio. Savino se espantou quando o santo, ignorando os demais, foi até ele, colocou-o de pé, e sussurrou: “Coragem, Giovannino, estou orando ao Senhor para que não morra “.
” Padre Pio, o que me acontecerá?”, indagou o trabalhador. Mas o sacerdote se calou.
No dia seguinte, Padre Pio fez a mesma coisa, sem mais comentários, e novamente no terceiro dia. Quando repetiu suas afirmações perturbadoras pela quarta vez, em 15 de fevereiro, Savino murmurou a um dos outros frades: “Temo que acontecerá algo hoje”, e sugeriu aos outros colegas de sua equipe: ” Não trabalhemos hoje”, relatando as afirmações de Padre Pio. A equipe, contudo, continuou com seus planos de explodir um imenso rochedo no lugar onde o anexo do convento deveria ser construído.
Às 2h da tarde, Savino e outro trabalhador colocaram uma carga de dinamite sobre uma rocha. Savino ajustou os explosivos e acendeu o pavio. A detonação não aconteceu. Após alguns minutos, foi verificar a carga de explosivos. Assim que se aproximou, a dinamite explodiu e uma violenta explosão de fragmentos de rocha o atingiu no rosto e o lançou no ar. Em minutos, o Dr. Sanguinetti, Pe. Raffaele e Pe. Dominic estavam junto ao ferido. Carregaram Savino para o carro de Sanguinette e o médico dirigiu até o Hospital de São João de Deus em Fogia ( isso ocorreu muitos anos antes da abertura do hospital de Padre Pio), onde ele foi admitido para a cirurgia.
Segundo o filho de Savino, Francesco, que escreveu anos mais tarde: ” Na verdade, os olhos não estavam mais lá. O olho esquerdo era somente uma papinha, e nada restava do outro”.
Sanguinette dirigiu de volta para San Giovanni, onde deu a notícia à esposa de Savino, Rosa di Cosimo, então no final da sua gravidez: ” Os dois olhos de seu marido foram destruídos “. Avisou-a que não deveria tentar visitá-lo. Sanguinetti foi então a Padre Pio, que perguntou como estava Giovannino.
” Ele ficou cego. Perdeu a visão”.
” Não sabe que isso ainda é incerto”?, respondeu Padre Pio.
” Bem, se diz isso, e você e Nossa Senhora das Graças o assistirem, tudo é possível, porém, neste momento, Giovanni perdeu sua visão”.
” Ainda é incerto”, repetiu Padre Pio.
Demorou três dias para que Savino recuperasse a consciência. Sua cabeça e rosto estavam enfaixados como uma múmia, e ele sofria uma dor atroz. Padre Pio suplicou a todos que conhecia que rezassem durante três dias por Savino. Expôs o Santíssimo em prol do homem cego. Ouviram-no dizendo: ” Senhor, eu vos ofereço um dos meus olhos por Giovanni, pois ele é um pai de família”.
Numa entrevista ao Pe. John Schug em 17 de julho de 1971, o próprio Savino contou: ” Depois de três dias, ouvi o médico entrar no quarto. Disse-lhe: ‘ Doutor, não quero fazer com que Padre Pio pareça estranho, porém senti o aroma do seu tabaco enquanto estava deitado aqui na cama. Eu dizia a Padre Pio:
‘Manda-me algum tabaco’, quando então senti o aroma’ “. Ele continuou: ” Dez dias depois de entrar no hospital, despertei pela meia-noite e meia ou 1h da manhã. Podia ouvir a respiração dos dois ou três homens que dormiam ao meu lado. Senti alguém me dar um tapinha no lado direito do rosto, o lado no qual o olho fora completamente esmagado. Perguntei:
‘Quem me tocou? ‘. Não havia ninguém. Senti novamente o aroma de Padre Pio. Era belo”.
Mais tarde naquela manhã, o oftalmologista veio retirar as ataduras do rosto e dos olhos de Savino. Francesco Savino escreveu que, na mesma hora, seu pai exclamou: “Doutor, eu posso vê-lo!”. O médico pensou que o paciente estava alucinado. Quando Savino novamente exclamou: ” Doutor, eu posso vê-lo”, o médico lhe disse: ” Giovanni, acalme-se. A medicação é muito poderosa. Não é possível que você enxergue”.
” Ainda assim, doutor, eu o vejo”, insistiu o paciente. “Seu cabelo negro, sua máscara, a enfermeira… Também vejo o crucifixo na parede”.
Segundo o filho de Savino, o médico examinou Savino novamente, e examinou o olho esquerdo, que estava “esmagado, mas não completamente destruido”. Savino nada enxergava por esse olho. Onde antes estava o olho direito restou “uma cavidade profunda”, mas Savino ” enxergava muito nitidamente, distinguido até mesmo as menores letrinhas”.
O próprio Savino, quando entrevistado por Pe. Schug, afirmou: “Meu olho direito havia sido explodido para fora da órbita. Nada mais havia ali. A cavidade estava completamente vazia… Quanto ao direito, não havia muita esperança de salvação. Tinham a esperança de salvá-lo com uma operação”. Quando o oftalmologista entrou para examiná-lo, pediu a Savino: ” Vire-se para a direita para que possa me ver com seu olho esquerdo”. Savino, no entanto, insistiu:
” Não, eu enxergo com o olho direito. Nada vejo com o olho esquerdo”.
” Está louco?”, disse o médico. ” Estou lhe dizendo que o olho direito não está mais lá. Estou tratando somente seu olho esquerdo”.
” Doutor, não estou louco. O olho direito é aquele pelo qual vejo, não o esquerdo “.
Savino relatou: ” O doutor era ateu e não acreditava em nada. Ficou sem entender. Cobriu meu olho esquerdo e me perguntou: ‘ Quantos dedos estou mostrando?’ ‘ Cinco ‘, respondi. ‘Acertou!’
Estava espantado. Perguntou: ‘ Quem é seu protetor?’. Disse-lhe: ‘Padre Pio’. Olhou para mim e viu que meu olho direito estava na órbita. Podia vê-lo. Disse:
‘ Agora também acredito, pois o toquei com minhas próprias mãos’ ” . Savino disse a Pe. Shug: ” Agora não posso ver com meu olho esquerdo. Só consigo enxergar com meu olho que foi miraculosamente curado”.
Em abril, Savino ainda estava no hospital, sendo tratado por seus outros ferimentos, e Rosa estava prestes a dar à luz. No dia 7, ela disse a Padre Pio que iria a Fogia visitar Giovanni no dia seguinte. “Oh, você não irá!”, respondeu.
“Ficará em casa”. No dia seguinte, as 8h da noite, o bebê veio subitamente (foi chamado Francesco, em homenagem a Padre Pio). ” Se tivesse ido ver Giovanni, estaria no ônibus às 8h da noite “, lembrou-se Rosa. ” Imagine o que teria acontecido!”.
Naquele verão, após a alta de Savino, Pe. Raffaele queria enviá-lo ao Hospital Policlínico de Roma para novos tratamentos, aparentemente no olho esquerdo. Padre Pio, contudo, não foi a favor disso, dizendo a Savino: ” Não, você já recebeu a graça pela qual rogou. Mesmo que vá a Roma, sua visão não ficará melhor do que na situação atual “.
Muitos acreditavam que um milagre acontecera. Cinco meses após o acidente, Pe. Dominic, escrevendo a seus parentes numa carta circular, contou que Pe. Raffaele, o qual examinara Savino imediatamente após a explosão, declara: “O olho direito se foi inteiramente. A cavidade está inteiramente vazia”. Giorgio Pogany, então um monsenhor em Nova Jersey, contou ao autor em 1989 que se lembrava do incidente e de como ” um homem enxergava com seus olhos destruídos “.
Savino tornou-se recepcionista na Casa Sollievo dela Sofferenza quando o hospital foi aberto alguns anos depois, e possuiu uma boa visão até sua morte, com pouco mais de setenta anos, de cirrose não-alcoólica, em 1974.
No verão de 1989, quando esteve em San Giovanni Rotondo, pedi ao Pe.Joseph Pius que me levasse para ver a viúva de Savino, Rosa Di Cosimo. Ela disse que “uma pequena quantidade de carne sangrenta” permaneceu na órbita e que “era sempre com seu próprio olho que ele enxergava. Estava horrível, porém ele podia ver perfeitamente”.
Em julho de 2017, em resposta à minha indagação,o filho de Giovanni Savino, Francesco, que tornou-se padre capuchinho, declarou: ” Depois do acidente, os olhos de meu pai foram destruídos, especialmente aquele em que restou uma profunda cratera. Padre Pio se ofereceu a Deus, e ofereceu inclusive um de seus olhos, para que meu pai pudesse recuperar a visão. De forma milagrosa, o olho danificado de meu pai se curou completamente e recobrou sua capacidade de ver, enquanto o menos danificado se regenerou, porém permaneceu cego (…). Meu pai não usava um olho protético (…), seus olhos eram normais e completamente saudáveis “.
Francesco estava no útero de sua mãe na época do acidente, mas obviamente veria mais tarde os olhos do pai, e sabia o quão bem ele podia enxergar. Isso parece conflitar com a afirmação de sua mãe de que o olho afigurava-se “horrível”. Talvez foi assim no começo, porém o globo ocular de alguma forma cresceu até voltar ao normal. Há várias fotos de Savino mais velho, e nela ambos os olhos parecem normais.
É difícil contestar a natureza milagrosa – ou ao menos inexplicável – dessa ocorrência sem questionar a boa fé ou sensatez ( ou ambos ) de uma série de pessoas, incluindo o próprio Savino, sua esposa, seu filho e Pe. Dominic, todos insistindo que ele era capaz de ver com o olho que fora destruído.
Quando, após receber alta do hospital, Savino foi ao Padre Pio para agradecê-lo, o santo lhe disse: ” Se soubesse o que isso me custou!”. O que ele queria dizer? Francesco Savino conta que Padre Pio ofereceu a Deus um de seus próprios olhos. Segundo PietroCugino, por volta da época da cura de Savino (não tinha certeza sobre a data), ele estava no jardim do convento com Padre Pio, quando, subitamente, Pio exclamou: ” Estou cego! Não vejo nada!”. Depois de vinte minutos, sua visão retornou. Cugino (que, como vimos, era ele mesmo cego), acreditava que o episódio de cegueira de Padre Pio fora resultado da oferta que fizera pela cura de Savino ( em outra ocasião, no entanto, Cugino insistiu que isso acontecera entre 1919 e 1925, e que Padre Pio ficara cego ” por muitos dias “).