Outra forma de se fazer presente para ajudar era através de uma foto, que alguém levava consigo. A propósito, no livro de Catarina Tangari sobre o padre Pio, encontramos o seguinte episódio. Um dia a autora foi visitar em Pietrelcina um casal seu conhecido, envolvida que estava na arrecadação de fundos para construir ali uma igreja. O marido, rico industrial, a jovem e bela esposa e uma filhinha de dois anos, tinham tudo para ser felizes.
Aproveitando a ausência do companheiro, a mulher abriu o jogo. Contou que ele estava abandonando a família, exigindo o divórcio. Conforme decidira, ela e a filha iriam morar com os pais no Brasil. Todas as formalidades tinham sido acertadas, de maneira que a situação era irreversível.
Nisto, ele chegou. Estava sério, frio e nada disposto a conversar. Fez seu donativo para a construção da igreja e, em troca, recebeu uma estampa do padre Pio, que guardou na carteira sem dizer palavra. Perguntado se gostaria de ir com a esposa falar com o padre Pio, respondeu:
Com o padre Pio? Para quê? – Em seguida, indignado, repetiu: Junto com minha mulher falar com padre Pio? Com a breca, que iria eu fazer ali?
Pedir algum conselho, ajuda, sei lá… – retorquiu Catarina.
Não preciso dos conselhos nem da ajuda do padre Pio. Há muito aprendi a me virar sozinho. Tenho 28 anos e me sinto jovem e saudável. Eu quero é viver, minha senhora, compreende? Viver!
Viver? – inquiriu ela espantada. – Como se deve entender isto? Afinal, o senhor tem tudo, uma esposa jovem, uma filha, um bom patrimônio… Não é suficiente para sentir-se feliz?
Ele permaneceu calado. Já estava tudo decidido. Passaram-se algumas semanas, e as coisas aconteceram conforme havia planejado. Agora poderia levar uma vida de acordo com seus gostos. Ninguém mais o controlava, ninguém perguntava quando voltaria, onde estivera e com quem, ninguém se cobriria de lágrimas por causa dele. Estava livre. Vivia.
Dois anos depois – escreve a senhora Tangari – surpreendentemente esse homem veio me procurar. Parecia emocionado. Sem nenhum preâmbulo, foi logo perguntando:
Poderia ir comigo ver o padre Pio?
Apanhada de surpresa, pude apenas dizer:
Mas que foi que aconteceu?
Há algum tempo, aquele santinho que me ofereceu não me deixa em paz. Decidi pois aclarar o mistério dessa “perseguição”. Por isso, quero ir lá.
E fomos. Por meio de um frade, consegui um encontro dos dois. Apenas ele viu o Padre, disse algo que surpreendeu a si próprio:
Padre, quero voltar para a minha esposa.
Desde que esteja disposto a se emendar – foi a resposta.
Tenho a melhor boa vontade, estou decidido a levar uma vida honesta.
Tomara que assim seja! – falou o Padre, fitando-o com aquele seu olhar penetrante
Então, por favor, me ajude!
A conversa continuou no confessionário. O homem saiu de lá radiante. Ao chegar em casa, telefonou para o Brasil, comunicando à esposa sua decisão. E reservou uma passagem no primeiro navio, para ir buscá-la.
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