E como era Padre Pio, o Confessor? Tudo para todos, paternalmente. Onde havia necessidade de ternura, era terno. Onde era requerido auxílio e estímulo, oferecia. Onde era exigido apoio e força, fornecia. Todas as pessoas sinceras, homens e mulheres, eram imediatamente envolvidas por seu manto de santidade. E ao perceberem sua distância do pecado e o porquê, iam embora não somente purificadas mas também mais profundamente conhecedoras do que o pecado realmente significava.
Muitos diziam que Padre Pio sabia ser severo e colérico; que às vezes fechava com força a portinhola na cara do penitente e que podia arrasá-lo com uma frase cortante.
É verdade. Tudo para todos. Ele reconhecia imediatamente a falta de sinceridade, a hipocrisia ou a falsidade e as atacava. Mas nunca o fazia por revanche ou por irritabilidade. Amava demais as almas para isso. Era seu método de fisgar o peixe. Nos casos em que fora ríspido ou ficara zangado, sabia-se depois que o penitente retornava com disposições mais adequadas e sinceras e que era acolhido benevolamente.
Vi um jovem padre americano explodir de raiva quando Padre Pio recusou-se a confessá-lo; e quando insistiu, foi tratado com rudeza na frente de outras pessoas.
— O quê? — disse ele depois que Padre Pio saiu — Ele pode ser Padre Pio, mas eu também sou um sacerdote e ele não tem o direito de me tratar dessa maneira!
Tive a oportunidade de apresentar-me ao jovem padre e perguntei se queria jantar comigo no hotel naquela noite.
— Sim, obrigado. — ele respondeu, ainda nervoso — Mas só porque não tenho como ir embora daqui hoje.
No jantar ele ainda estava muito magoado e irritado. Disse-me que, quando estudante em Roma, tinha vindo a San Giovanni Rotondo em duas ocasiões; e que como padre, nos Estados Unidos, procurava sempre fazer coincidir sua recitação do ofício com a hora da celebração da Missa de Padre Pio. Era um bom padre jovem, com muita boa vontade, mas achei que talvez lhe faltasse um pouco de sensibilidade ao ambiente de San Giovanni Rotondo. Tive a impressão de que, provavelmente, Padre Pio também pensava assim. Um sacerdote poderia causar escândalo em San Giovanni Rotondo por coisas que talvez não causariam o mesmo impacto em Los Angeles ou Nova Iorque. Ele não deveria, por exemplo, beber uísque ou fumar em público, como notei quando nos encontramos no bar.
Minha tentativa de pôr um pouco de óleo na ferida tomou a forma de uma pergunta:
— Até agora você tem acreditado em Padre Pio?
— Naturalmente! — respondeu.
— Não lhe ocorre então pensar que talvez você mesmo tenha algum defeito a ser corrigido e não Padre Pio? — perguntei ainda.
Assegurei que falava por experiência própria. Quando algumas vezes encontrei Padre Pio frio e distante de mim, tinha chegado rápida e justamente àquela conclusão. E continuei:
— A situação comigo agora é a seguinte: Se Padre Pio eventualmente expressasse o desejo de caminhar sobre mim, eu rapidamente me esticaria no chão e o convidaria a começar a andar. Entendeu?
Ele captou a ideia imediatamente. Fico feliz em dizer que, na manhã seguinte, ele foi recebido na cela de Padre Pio, confessou-se e foi acolhido como filho espiritual. Como prêmio pessoal, uma profunda amizade também se estabeleceu entre o jovem sacerdote e seu companheiro de jantar; e para grande vantagem espiritual deste último, a amizade felizmente continua até hoje.
Livro: Padre Pio Histórias e Memórias
John McCaffery
Página 100
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