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Foi em 1953, depois da morte de meu pai, que regressei a San Giovanni Rotondo. Tudo o que acontecera durante aqueles anos deixara-me muito perturbado, e fizera-me passar por muitas provações. Eu estava desesperado, sobretudo por ter sido obrigado a sacrificar a minha empresa de automóveis. O fato de Padre Pio ter predito tudo tinha me deixado impressionado. Sentia que aquele religioso era um ser misterioso. Enchia-me de curiosidade, atraía-me, mas também me assustava. Nessa altura eu não tinha muita fé. Como, na minha vida, tinha mudanças radicais e tudo parecia correr mal, mas voltei à sua presença, para que me aconselhasse de algum modo.
Mal cheguei, inscrevi- me para a confissão, mas tive de esperar três dias. Impaciente, tentei passar à frente de quem me precedia na lista de espera, e consegui. Contudo, quando me ajoelhei no confessionário, o Padre ordenou, num tom maldoso: ‘Vá-se embora’. Sentindo-me paralisado, não queria me mexer. O Padre levantou-se e disse. ‘Se não quer ir embora, então vou eu.’ Fui obrigado a obedecer. Regressei à Igreja, e fui dominado por uma crise de choro.
Comecei a refletir. Olhando para dentro de mim mesmo, via a minha vida vazia, privada de ideais, e compreendia os meus erros, experimentando uma dor imensa. Fiquei nesse estado durante três dias. Tendo de regressar a Bolzano, ao terceiro dia esperei pelo Padre nas escadas que desciam para a sacristia. Quando o vi, disse-lhe que tinha de partir, mas que só o faria se ele me tivesse absolvido e perdoado a minha forma de agir. Olhou-me com grande ternura e, com voz suave, disse-me: ‘Comporte-se bem’. Em seguida, após uma pausa: ‘ É mais fácil que o mundo se aguente sem sol, do que o cristão se aguente sem Missa’. Com o punho cerrado, deu-me um murro tão forte, que me fez perder o equilíbrio e bater contra a parede. Mas aquela violência e aquela dureza foram salutares. Despertaram a minha alma e fizeram-me compreender como eram importantes as coisas do espírito. Mudei de vida e, a partir daquele dia, nunca mais perdi a Missa dominical e, sempre que podia, passei a assistir à Missa também nos dias de semana.
Desde então, regressei muitas vezes a San Giovanni Rotondo. Por vezes ficava lá três ou quatro semanas seguidas. Tinha aprendido a estar atento a tudo o que acontecia à minha volta. Viver ao lado de Padre Pio significava viver num mundo alheio às regras normais. Para Padre Pio, não havia barreiras de espaço nem de tempo. Sabia tudo, via tudo.

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