No outono de 1955…, me encontrava em San Giovanni Rotondo com mamãe, uma tia e uma prima. Ali tivemos ocasião de conhecer o engenheiro C., de Milão, que nos falou do seu primeiro encontro com o Padre Pio, alguns meses antes.
O engenheiro andava com um sério problema num joelho. Dois anos de tratamento quase não surtiram efeito. Um dia, totalmente por acaso, foi a San Giovanni Rotondo no carro de um jornalista amigo, e ali, mais por curiosidade do que por outro motivo, decidiu confessar-se com o Padre Pio. Era uma oportunidade para conhecê-lo mais de perto e estudá-lo como pessoa.
Ao entrar no confessionário, foi dizendo:
— Padre Pio, creio em Deus do meu jeito, mas o senhor sabe… para nós intelectuais a ideia de confessar-me com outro homem… bem, o senhor sabe… nós intelectuais…
Contou-nos ele que o Padre Pio se limitava a olhá-lo em silêncio, até que, farto daquela lenga-lenga, levantou a mão enluvada e a deixou cair pesadamente sobre sua cabeça, como se faz ao repreender uma criança. E, num tom de censura, lhe falou:
— Que tal encerrar por aqui esta conversa, para me contar que já se passaram vinte anos depois da sua última confissão, e que desde o dia do seu casamento, nunca mais comungou?
— Vinte anos… sim, sim, deve ser isto mesmo, pois minha filha está agora com dezenove… é verdade, faz vinte anos que não recebo a comunhão…
Tomado por assim dizer de assalto, C. acabou fazendo uma boa confissão, e algumas horas depois, enquanto caminhava na rua ruminando o que lhe acontecera pela manhã, notou surpreso que estava andando com a bengala pendurada no braço, ao invés de apoiar-se nela, como de costume.
Pasmo e satisfeito, mas ao mesmo tempo, um tanto ferido no seu orgulho pela forma como fora tratado, saiu à procura do Dr. Sanguinetti, lá no hospital ainda em construção. E cheio de emoções desencontradas, protestou:
— Isto não! Como pode ter acontecido uma coisa destas?
Sanguinetti se pôs a rir gostosamente.
— Sinto muito, mas é isto aí mesmo, aconteceu comigo também.
Quando nos encontramos com C., ele era um dos mais fiéis filhos espirituais do Padre Pio, e nos contou que de tanto em tanto voltava a San Giovanni Rotondo, acompanhado da mulher e das duas filhas. Hoje é membro ativo de um dos grandes grupos de oração do Padre Pio, em Milão – um grupo composto em sua maioria de intelectuais.

Livro: Caminhando com o Padre Pio
Clarice Bruno
Página 89

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