Uma Família temente a Deus.
A família paterna de Padre Pio, os Forgione, eram possedenti – pequenos proprietários. Segundo a tradição local a família teria vindo originalmente de Abruzzi, uma região localizada a noroeste dali. O mais antigo ancestral registrado é Antônio Forgione, falecido em Pietrelcina em 1837 com cerca de oitenta anos. Pouco se sabe dele ou de seu filho Donato (1786 – 1841).
Donato teve um filho chamado Michele, nascido em 1819 e morto quarenta e oito anos mais tarde, deixando para trás sua segunda esposa, a jovem viúva Felicita D’Andrea (1839 -1887) e com ela seus dois filhos pequenos: Orazio Maria (o pai de Padre Pio), de sete anos, e Orsola, de dois anos.
Orazio nasceu em 22 de outubro de 1860. Foi batizado Grazio Maria, e embora sua esposa o chamasse normalmente de “Gra”, ao longo da vida ele foi quase sempre conhecido como “Orazio”.
O jovem Orazio viveu uma infância de relativa pobreza, ocupando-se com o rebanho da família. Ainda adolescente, Orazio foi nomeado “Mestre de Festa”, um membro do comitê que planejava as festividades anuais em agosto. Esta era uma grande honra e um sinal do respeito que os concidadãos nutriam pelo jovem devoto.
Em 8 de junho de 1881, Orazio, então com vinte anos de idade, usou o traje local – um gibão enfeitado com botões de ouro, meias até o joelho adornadas com laços brancos e sapatos brancos – e foi escoltado por seu padrasto até a casa de Maria Giuseppa de Nunzio, sua futura esposa. Giuseppa usava um vestido de cetim vermelho, um avental azul celeste e um corpete vermelho coberto com um brocado dourado. Um xale branco adornava-lhe a cabeça. O padrasto de Orazio proferiu um discurso meramente formal de orientação a Giuseppa, ela beijou as mãos dos futuros sogros e partiu com suas acompanhantes, resplandecentes em vestidos de seda vermelha quase tão amáveis quanto o seu. A pequena companhia foi primeiro em direção à prefeitura, onde se realizaria a cerimônia civil, e depois rumo à igreja onde se celebraria o Sacramento do Matrimônio. Foi assim que Orazio Forgione e Giuseppa de Nunzio deram início a um casamento de quarenta e oito anos.
“Gra” e “Beppa” – como se chamavam um ao outro – eram pessoas notáveis. Orazio era descrito como “um nanico” esguio, dotado de pele clara e olhos escuros, além de cabelos castanhos que permaneceram grossos e abundantes até o fim de seus dias.
Orazio jamais se deixava levar pela preocupação e buscava instilar essa característica em seus filhos. Os adjetivos frequentemente usados para se referir a Orazio Forgioni eram “simples” e “amável”. Um vizinho, questionado sobre seu caráter o descreveu como um “santo”.
Forgione não somente ia à missa todo domingo: acompanhado de sua esposa, parava todos os dias para rezar na igreja, após trabalhar no campo. Rezava constantemente o Rosário, um hábito que transmitiu a seu santo filho. Jamais um único juramento ou xingamento escapou de seus lábios, e sua reverência pela vida era tanta que no campo chegava a sair do caminho de uma formiga para não esmagá-la. “Pobre criaturinha, por que ela deveria morrer?” dizia ele. O traço mais característico de Orazio Forgione era, no entanto, a alegria. Adorava cantar com uma voz estrondosa e ressoante, e era saudado como um maravilhoso contador de histórias. Por ver a mão de Deus em todas as coisas ao seu redor, alegrava-se com tudo, irradiando “uma alegria contagiante que se transmitia aos outros”.
Maria Giuseppa De Nunzio, a única filha de Fortunato De Nunzio (1821-1896) e Maria Giovanna Gagliardi (1831-1908), era um ano e meio mais velha que o marido, tendo nascido em 28 de março de 1859. Tinha os olhos azul-claros era tão alta quanto o marido. Quase todos comentavam sobre a graça e elegância desta que era por vezes chamada de “Princesinha”, sempre vestida, da cabeça aos pés, de um branco irretocável. Beppa prefaciava todos os seus planos com um “Se Deus quiser”. Ao contrário de muitos residentes de vilarejos, recusava-se a fofocar ou criticar as pessoas pelas costas. Aqueles que a conheciam ficavam frequentemente impressionados com sua inteligência e senso de hospitalidade: “Ela era mais feliz quando podia dar do que quando podia receber”.
Os Forgione viveram em uma modesta casa de pedra nos números 27-28 da Vico Storto Valle (Rua do Vale Torto) no distrito do Castelo, a parte mais antiga de Pietrelcina.
A casa dos Forgione era mobiliada com simplicidade necessária para suprir as necessidades mais básicas de saúde e conforto.
As paredes pintadas de cal eram adornadas com crucifixos e litografias da Madonna e de vários santos.
Um ano após o casamento de Orazio e Giueseppa, em 25 de junho de 1882, nasceu um filho, Michele. Dois anos mais tarde nasceu um segundo menino, que recebeu o nome de Francesco. Essa criança viveu somente vinte dias. Uma terceira criança, Amalia, também teve morte prematura. Então, em 25 de maio de 1887, às 5h30 da tarde, segundo o registro da paróquia, mas às 10h da noite segundo os registros do escrivão local, uma quarta criança veio ao mundo e recebeu o nome de seu irmão morto, Francesco. Era essa a criança que mais tarde viria a ser conhecida como Padre Pio.
Segundo a tradição familiar, ao ser batizado no dia seguinte na igreja paroquial de Sant’Ana pelo Pe. Nicolantonio Orlando, sua mãe o dedicou à Virgem Maria.
Depois veio em 15 de setembro de 1889, uma irmã batizada em homenagem à avó Felicita D’Andrea. A sexta criança, nascida em 15 de março de 1892, recebeu seu nome em homenagem à avó materna de Orazio, Pellegrina Cardone. Uma sétima criança, nascida um dia após o Natal em 1894, foi batizada Grazia e chamada de Graziella. Alguns insistem que havia uma oitava criança: Mário, que supostamente teria nascido em 24 de março de 1899 e vivido por onze meses. Mais tarde, quando o Padre Pio celebrava matrimônios, diversas vezes desejava ao casal “otto bambini” – oito bebês – e alguns presumem que isso se devesse ao fato de ele pertencer a uma leva de oito irmãos.
Cristo estava no centro da família Forgione. A Madonna e os santos eram de suprema importância para os Forgione. Acima de todos estava é claro a Madonna. Os Forgione não podiam imaginar um cristão que não amasse e honrasse a Santíssima Virgem. Foi sem dúvida desse treinamento na infância que Padre Pio derivou seu amor por ela, a qual descreveu como “mais bela e mais resplandecente do que o sol (…), o mais puro cristal, que só pode refletir a Deus”.

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