De repente, uma simples cerimônia doméstica mudou a sorte do famoso cômico. Uma noite, ao chegar do trabalho, a mulher lhe falou: “Hoje recebemos a visita do padre de nossa paróquia. Pediu para fazer a consagração da família ao Sagrado Coração de Jesus. A cerimônia será no dia 8 de janeiro.
Bom seria – disse ele – que todos comungassem”!
“Pensei: como é que posso comungar com a vida pecaminosa que levo?
Minha filha menor e a mulher insistiam que eu também devia comungar.
Fiquei sem saber que desculpa dar naquele momento.
Na manhã de 6 janeiro (1949), festa da Epifania, enquanto passeava pelas ruas de Roma, preocupado e triste, entrei, quase sem querer, na igreja de Santo Antônio, na Via Merulana. Muita gente assistindo à Missa, outros esperando na fila da confissão. Alguns me reconheceram e olhavam para mim admirados. O confessionário tinha portas de vidro, e lá dentro via-se um padre corado e robusto.
‘Este, com certeza, gosta mais da boa comida do que de mim. A este é que não vou confessar meus pecados’ – pensei. Creio que era uma desculpa.
Para minha surpresa, porém, ele saiu do confessionário e foi substituído por outro, mais magro e com cara de penitente. A desculpa não valia mais. E como se isto não bastasse, o que estava à minha frente na fila disse com um gesto de cortesia:
– Senhor Campanini, tenha a bondade!
Encontrei-me ajoelhado no confessionário. Fiquei ali uma boa meia hora. Dos que aguardavam sua vez, alguns certamente se alteraram, outros devem ter pensado que os meus pecados eram muitos e que por isto eu precisava de tempo para citá-los todos, e também de muitas repreensões do padre.
Saí banhado em lágrimas, mas ao mesmo tempo me sentindo outra pessoa.
Em casa foi uma festa. Participei da cerimônia da consagração ao Coração de Jesus e comunguei com minha mulher e os filhos.
Sentia que agora, interiormente transformado, estava em condições de fazer uma visita ao padre Pio. E ele, uma vez mais, me surpreendeu com sua sabedoria sobrenatural. Pensando não ser necessário confessar-lhes meus pecados, pois acabara de fazê-lo em Roma, ajoelhei no confessionário apenas para lhe pedir a benção, mas ele me disse taxativamente.
– Comece por 1936!
Para me animar foi falando que eu me mostrara covarde em confessar meus pecados, mas não para ofender a Cristo e me afastar da Igreja”.
Campanini gostava de lembrar aquela confissão, que mudou radicalmente sua vida.
No fim, o Padre me abraçou e beijou. Entregou-me um terço, com a recomendação de rezá-lo muitas vezes.
– Estarei sempre perto de você – acrescentou.
Não foi fácil cumprir a promessa. A partir de então, não faltei à Missa um dia sequer. E me tornei um dos hóspedes mais habituais de San Giovanni Rotondo. Considerava o padre Pio meu protetor, sentia-o sempre a meu lado, especialmente nas dificuldades. Intercedeu por uma sobrinha que estava à beira da morte e a curou”.
Livro Padre Pio O Santo do Terceiro Milênio/pág 246
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