Conservo muitas cadernetas que costumava levar comigo quando visitava Padre Pio. Nelas, eu anotava as palavras do Padre e os fatos que aconteciam ao seu redor em San Giovanni Rotondo.
Recentemente, recolocando em ordem os meus papéis, perguntei-me como utilizar tantas recordações preciosas, pois deixá-las perdidas parecia-me um ato desrespeitoso à memória do Padre. De repente, entre anotações, uma advertência escrita por padre Carmelo de Sessano, que foi superior de Padre Pio por nove anos. A advertência — que considerei uma intervenção da Providência de Deus em meu socorro — dizia:
Gostaria de pedir a todos os filhos espirituais do Padre que escrevessem as suas recordações pessoais em relação a ele, pois estou convencido de que cada um tem a sua pequena ou grande história para narrar. Não deixemos que se perca tamanha riqueza da qual nos beneficiamos, lembrando-nos de que somos privilegiados.
Então decidi recolher essas recordações e conservar-lhes o estilo de diário, que já tinham, sobretudo porque em minhas cadernetas era citada escrupulosamente a data delas. Contudo, surgiu-me a dúvida se seria oportuno rever a forma com que foram anotadas apressadamente. Por fim, preferi deixá-las sem alterações, para que não surgissem dúvidas sobre a sinceridade e a autenticidade do que estava narrando…
As minhas anotações referem- se rigorosamente aos encontros que tive com o Padre, desde 1946, até a sua morte, em setembro de 1968.
25 de novembro de 1954
Eligio comunica a Padre Pio o nascimento de meu filho, Francesco, no dia 10 de novembro.
O Padre lhe diz: “Muitas felicidades! O Senhor multiplique os seus filhos sobre a terra, para depois, encher o paraíso com eles”.
— A Eligio, que viajava muito, o Padre disse: “Para se santificar, não cai bem passear. Fique atento para que, com o passear, não lhe passeie a cabeça”.
— Dois padres capuchinhos me dizem no refeitório, Padre Pio disse que o bandido Giuliano (dado por morto no dia 5 de julho de 1950) não está de fato morto. Vendo a incredulidade dos presentes, acrescentou seriamente: “Giuliano, agora, está na América”.
Os meus primeiros encontros com Padre Pio.
Diário de um filho espiritual, notas e fragmentos de história
Luigi Peroni
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