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Todas estas descrições sobre a “Casa para o Alívio do Sofrimento” podem ser importantes, se não para todos, ao menos para os que sabem que heroicos sacrifícios ela custou ao Padre Pio. E também para os que, contra qualquer tipo de probabilidade, viram surgir sobre uma ladeira pedregosa e inaproveitável e, aos poucos, ir-se transformando em realidade, este esplêndido complexo, graças à dedicação e pertinácia de um grupinho de filhos espirituais do Padre Pio, determinados a levar a termo tão ousado empreendimento. Para gerir a construção escolheram Dr. Sanguinetti, cujas extraordinárias aptidões foram colocadas completa e humildemente à disposição do Padre Pio.
Sobre a porta de uma cela dos frades de San Giovanni Rotondo encontra-se a seguinte inscrição: “Reze pelas almas do purgatório! Elas não tiveram a sabedoria de aproveitar os talentos recebidos”. O mesmo não podemos dizer do Dr. Sanguinetti, cujos muitos talentos estavam consagrados aos mais elevados ideais cristãos. Ajudado por seus conhecimentos científicos e de medicina, vivia absorvido neste enorme trabalho técnico, sempre dinamicamente paciente, persistente e abnegado.
Falta de água, falta de energia elétrica; rochas e dinamites; críticas e complicações! Nada conseguia freá-lo, nem era complicado demais para ele. Com a mesma determinação de sempre, continuava enfrentando os obstáculos, sem esquecer que tudo devia ser feito com bom gosto e respeito às leis do “belo”.
Demonstrações desse bom gosto podem ser encontradas na quantidade enorme de pinheiros e ciprestes que fez plantar naquelas ravinas inóspitas ao redor e acima do hospital. No começo, o único verde eram algumas ervas rasteiras, típicas do local, já que o departamento de reflorestação se negava a fazer qualquer coisa, alegando que árvore alguma vingaria naquele terreno rochoso. Diante de tal veredito, qualquer um teria abandonado a ideia como inexequível, mas não o Dr. Sanguinetti.
Com muita paciência e pertinácia, continuou plantando suas árvores uma após outra. Tarefa nada fácil se considerarmos que para cada uma se exigia uma descarga de dinamite. A cova aberta devia ser suficientemente grande para conter as cargas de terra fértil trazidas a lombo de mulas, através daquele terreno inclinado, irregular e sem estradas. Mas este era apenas um entre dezenas de outros problemas dos mais variados tipos e naturezas, que ele tinha de enfrentar e resolver. Entre esses muitos outros, poder-se-ia citar o de compilar e fazer imprimir, de dois em dois meses, o jornalzinho do Padre Pio, chamado Casa Sollievo della Sofferenza. Ao mesmo tempo, na medida em que as pessoas iam conhecendo a ele e à sua simpática esposa Emília, mais aumentava o número de cartas pedindo conselhos, sabendo que eles estavam em contato direto com o Padre Pio. E assim o gigantesco trabalho de responder a toda esta correspondência ia caindo gradualmente sobre seus ombros já sobrecarregados, mas ainda dispostos a aceitar mais compromissos. Sem a menor dúvida, eles eram “franciscanos” autênticos! As portas da sua casinha simples e pré-fabricada se encontravam abertas a todos os que os procuravam para descarregar suas preocupações e suplicar-lhes que intercedessem junto ao Padre Pio em favor disto ou daquilo. Todos sentiam-se à vontade ali. Hóspedes e moradores conviviam numa vibrante cordialidade. E ao sair levavam a alegria daquela atmosfera celeste em que acabavam de banhar-se.

Livro: Caminhando com Padre Pio
Clarice Bruno
Página 103

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