Aos catorze anos, Francesco é sério e reflexivo, consciente de suas responsabilidades e de seus deveres filiais e do papel de mediador que lhe conferem, no seio de sua família, seus estudos. Essa maturidade desconcerta às vezes sua mãe. Um dia, ao retornarem de Piana Romana, eles passaram por um campo de nabos de primavera, legumes suculentos e crocantes, de dar água boca, cujo frescor seria muito bem-vindo depois de uma jornada de trabalho estafante sob um sol já estival. Giuseppa diminui o passo:
— Que belos nabos, eu bem que comeria alguns!
— Mas não é certo… seria um pecado!
Alguns dias mais tarde, tomando um outro caminho, eles passam por uma figueira que, na encosta, está cheia de frutos maduros. Muito alegre Francesco faz uma abundante colheita. Surpresa, sua mãe o repreende:
— Ah, é? Os nabos não, mas figos sim?
E ele, mais surpreso ainda, pensa que os adultos decididamente não compreendem nada, e explicou para sua mãe que pegar legumes em um campo que pertence a alguém é pura e simplesmente um roubo, enquanto aproveitar dos frutos de uma árvore que cresce numa estrada pública não tem nada de repreensível. Giuseppa suspira, maravilhada e inquieta: que reserva o futuro a esse garoto tão transparente e tão grave ao mesmo tempo? Ela não pode confiar a ninguém sua confusão, senão ao pároco. Mas Dom Pannulo escuta-a somente, e se pronúncia aqui e ali alguma palavra tranquilizadora, isso não a livra dos receios: a alma de seu filho lhe é interdita, guarda algum segredo que a angustia ainda mais porque entrevê incidentalmente sua profundidade. Ela então se cala.

Livro: Padre Pio
Das sanções do Santo Ofício ao esplendor da verdade.
Joachim Bouflet
Página 142

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