Na realidade, duas feridas compunham a chaga do lado, que no Padre Pio ficava ao lado esquerdo, bem próxima do coração. Eram as marcas do golpe de lança desferido pelo soldado romano em Jesus. Uma ferida media aproximadamente sete centímetros de cumprimento e um de largura, e ficava na altura do sexto espaço intercostal esquerdo. Era atravessada perpendicularmente pela outra, de três centímetros e meio de comprimento que dava ao estigma um aspecto de cruz.
Muito a seu pesar, o Padre Pio acabou tornando-se conhecido por suas chagas nas mãos. Ficava bem no meio do terceiro metacarpo e, assim como dos pés, eram extremamente dolorosas. Segundo testemunhas, os estigmas tinham “manchas vermelho-marrom, eram nítidas e redondas, com aproximadamente dois centímetros de diâmetro”.
Mas Padre Pio se considera indigno de tamanha graça. Procura sempre esconder suas marcas misteriosas. Nas primeiras semanas, tentou ocultá-las com compressas de tecido. Depois, encontrou uma solução para o problema: passa a usar luvas de lã de cor escura. Até o fim da vida, as fotos mostram suas mãos ainda protegidas pelas luvas.
Esconder as chagas é uma coisa; calar a realidade é outra completamente diferente. Padre Pio não queria que o fato fosse revelado de forma alguma. Sua humildade o obriga ao silêncio, a não fazer nada que pudesse atrair os olhares para si. Expor publicamente o “segredo do rei” é exaltar uma graça da qual ele não se achava merecedor. Pois para ele, os sofrimentos e estigmas, longe de expressar alguma santidade, representam o sinal do amor de Deus pelo pecador que ele era: “Quantas vezes Jesus me disse: “Terias me abandonado, meu filho, se eu não tivesse te crucificado. Na cruz se aprende a amar, e não dou a cruz para todo mundo, mas somente para almas que me são mais queridas”.
O capuchinho não dá margem para nenhuma manifestação pública, ainda menos para a fama. Sua espiritualidade é a da vida retirada, como a dos Padres da Igreja e de Santa Teresa do Menino Jesus, cujas obras leu com fervor. Mas ele não estava apartado do mundo, e as pessoas próximas percebiam algo estranho, sobretudo porque era costume que as pessoas beijassem a mão dos padres em sinal de veneração. Uma dessas pessoas, Maria Anna Campanile, conhecia bem o Padre Pio – desde 5 de outubro de 1916 – e foi ela quem contou ao Pe. Paolino que havia algo diferente.
Os frades capuchinhos compreenderam a novidade da situação. Interrogavam-se, discutiam em grupo, às vezes até em voz alta. Enfim, o rumor foi crescendo no convento e, progressivamente, espalhando-se pela aldeia de San Giovanni Rotondo.
O Pe. Paolino da Casacalenda, desejando esclarecer a questão, pede que o provincial venha visitar o convento a fim de investigar. Ao mesmo tempo, o Pe. Paulino recorre ao Dr. Angelo Maria Merla, o médico da comunidade e prefeito de San Giovanni Rotondo. O Dr. Merla ignorava a natureza das “marcas” na pele de Padre Pio.
É um mistério! Será que a medicina tem uma solução para o enigma?
As conclusões são contundentes:
As cinco lesões observadas em Padre Pio devem ser realmente consideradas verdadeiras e próprias dos tecidos das mãos, cuja persistência, as características anátomo-patológicas estranhas, a capacidade de sangrar continuamente um sangue fresco e perfumado, nos locais correspondentes às chagas de Nosso Senhor quando ofereceu o supremo holocausto da cruz, podem constituir um mistério, mas somente para os que […] são incapazes de se elevar às grandiosas sínteses da religião e da fé.

Livro Padre Pio
Uma Breve Biografia
Patrick Sbalchiero
Página 56.

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