O exemplo de Campanini induziu muitos do mundo artístico a chegar aos pés do padre Pio. Um deles foi Beniamino Gigli, tenor italiano de renome internacional, que também encontrou em San Giovanni Rotondo seu renascimento. Sua ida para lá acha-se ligada a uma estranha coincidência.
Quando telefonava à sua amante, foi surpreendido pela esposa.
– Com quem estava falando? – quis saber ela.
Ao que o cantor, para safar-se da enrascada, respondeu:
– Com um cara que me convidou a visitar o padre Pio.
Para não despertar suspeitas, obrigou-se a ir. Lá, conversando com os companheiros, dizia em tom de gozação:
– Não pensem que vim contar meus pecados a este frade.
Logo depois aparecia o Padre que, dirigiu-se ao cantor, lhe perguntava:
– Não acha que está na hora de mudar de camisa?
– Mas esta é nova, padre, vestia-a pela primeira vez esta manhã!
E o Padre, fixando-o com certa severidade:
– Não me refiro a esta. Refiro-me à outra, que vem usando há anos e se encontra suja demais.
Colocando-lhe a mão no ombro, convidou-o a dar um passeio pelo jardim do convento. Ao voltar, Gigli estava tão comovido que mal conseguia balbuciar umas palavras.
Permaneceu ali cinco dias. Sentia-me tão afeiçoado ao padre Pio que, chegando em Foggia, decidiu voltar, para encontrar-se com ele uma vez mais. “Foram os dias mais belos da minha vida” – confessaria mais tarde. Por parte do Padre, a admiração não era menor. “Beniamino, sua voz angelical me ajudou a imaginar como os anjos cantam no paraíso”.
Depois deste encontro, o cantor iniciou uma tournée pela Argentina. Os jornais de lá falavam de um novo Gigli, por causa da inusitada expressão que punha em seu canto.
Voltava muitas vezes a San Giovanni Rotondo, que considerava “a pátria de sua alma”. Em sinal de gratidão a seu pai espiritual, cada vez aproveitava para prestar uma homenagem à mãe do padre Pio, falecida ali em 3 de janeiro de 1929, cantando seu conhecido Mamma son tanto felice. Mas raramente conseguia chegar ao fim, pois o Padre rompia em soluços e se retirava.
Sobre a emoção que experimentou na primeira conversa com o Padre, no jardim do convento, eis o que ele conta: “Já me apresentei diante das maiores personalidades do mundo: reis, presidentes, ditadores, magnatas, diante das pessoas mais famosas da terra. Cantei para eles em salões dourados, em praças imensas apinhadas de gente, mas nunca experimentei a emoção que me invade cada vez que me encontro com o padre Pio, num recanto do jardim de seu convento”.
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