Já em Pietrelcina, mas sobretudo quando chegou a San Giovanni Rotondo, o Padre Pio projetava uma fundação que o permitisse cuidar dos enfermos mais pobres. Naquela época, quando não se conhecia o seguro de saúde o enfermo pobre não contava mais que com a caridade alheia, qual nunca era suficiente. Em 1923 escrevia: “Faz muito tempo que desejo ter um estabelecimento onde possa cuidar ao necessitado em corpo e alma ao mesmo tempo”.
No ano de 1925, a dois quilômetros do convento, em um dos bairros de San Giovanni Rotondo, fundou uma espécie de consultório-hospital composto por duas salas, dois quartos individuais e os serviços sanitários mais indispensáveis.
As esmolas e a desinteressada prestação de alguns médicos da localidade, permitiam cuidar gratuitamente até vinte enfermos. O mesmo prefeito Morcaldi, foi o administrador. Treze anos funcionou à satisfação, até que em 1938, o edifício deteriou-se à causa de um terremoto, porém não acabando assim, com o ânimo de seu fundador.
A experiência daqueles anos o fizeram compreender como a medicina encontra ajuda no afeto. Advertiu também, que quando rodeia o enfermo, um ambiente fraternal, sua alma descansa e procura a Deus. Cumprir bem uma obrigação profissional não é suficiente. Há de cuidar-se ao enfermo como se cuida a um filho.
Em 9 de janeiro de 1940, o Padre Pio reuniu-se com vários amigos, dentre os quais encontrava-se o doutor Sanguinetti, e falou-lhes de seu projeto de fundar um hospital grandioso que haveria de chamar-se “Casa Sollievo della Sofferenza”. Ao término da reunião tirou do bolso uma moeda de ouro recebida como esmola naquele dia e a entregou ao doutor Sanguinetti dizendo: “Esta é a primeira pedra”. Tão logo começaram os contatos com os engenheiros, arquitetos, construtores, médicos, etc. As opiniões, em geral, eram desapontadoras. Muitos consideravam o projeto um absurdo; quase todos, impossível de realizar-se.
Para a concretização do que o Padre Pio queria, naquele solo árido e sem água, despovoado e sem caminhos, necessitaria de milhões. O mais difícil era encontrar médicos, cirurgiões, especialistas, enfermeiros, que quisessem viver naquele deserto, sem a possibilidade de ter clientela própria, tampouco alojar sua família. Era mais válido não começar, que ter de abandonar a empreitada uma vez começada a construção. Em junho do mesmo ano a Itália entrou na Segunda Guerra Mundial. A mobilização, as batalhas e os bombardeios faziam cada vez mais irrealizável sonho do Padre Pio, mas sua confiança em Deus era inquebrável. Uma vez que os americanos conquistaram a região e estabeleceram-se com suas bases de comando e bases aéreas, começaram a visitar ao insólito Frei e muitos católicos lhe faziam quantiosos donativos para as obras de caridade.
Em 1942, Brunatto, o fiel amigo, seu primeiro convertido, primeiro filho espiritual e primeiro defensor, que estava dez anos de Paris e havia conseguido lograr uma fortuna, o enviou para começar sua obra, um donativo significante de trezentos milhões de lidas, que foi repetindo-se constantemente em importantes quantidades.
O dinheiro ia chegando. A riqueza, em nobre missão, pôs-se a serviço dos pobres. Os bancos locais também colocaram-se à disposição para financiamento das obras, mas seus serviços foram sempre rechaçados cortesmente. O Padre Pio tinha outro Banco e outra Sociedade Anônima que davam-se ao trabalho com todo financiamento humano. Na lista, haviam doações de mil liras, quatrocentos milhões de liras, e de duas liras. Deus vê a quantidade, claro, mas vê acima de tudo, o amor pelo qual é impulsionado a doar.
Em 5 de outubro de 1946, constitui-se perante o Cartório de Notas local a pessoa jurídica: “Refúgio dos Aflitos” (Sollievo della Sofferenza), para atender em nome de Cristo a quantos peçam assistência. Em 16 de abril de 1947 começaram os trabalhos de montagem e terraplanagem. Instalaram- se ali todas as classes de oficinas. Geraram ali mesmo a energia elétrica necessária. Fizeram a condução de água ao mesmo tempo que preparam as cisternas para o proveito das águas das chuvas. Mais de trezentos homens e especialistas estiveram empregados durante ao longo de nove anos. Construíram um hospital que, conforme os desejos de seu fundador é ao mesmo tempo a casa dos pobres e o templo da caridade.
O Dr. Sanguinetti foi o homem de confiança, o braço direito do Padre Pio. Com sua fidelidade louvável, sua constância a toda prova, sua retidão exemplar e sua habilidade diplomática, ia resolvendo dificuldades de toda ordem e ia fazendo frente aos gastos do dia a dia, seguindo pontualmente o conselho do homem de Deus que não o deixava contrair dívidas.
A Casa Sollievo della Sofferenza é um dos melhores complexos hospitalares do mundo, superior a qualquer das clínicas privadas. Dotada de instalações sanitárias modernas, possui inclusive base para pouso de helicópteros, que combinam assim a rapidez com a eficácia no transporte dos feridos, enfermos e acidentados. É esplêndida, cômoda, luxuosa, arquitetonicamente construída como queria seu fundador para Cristo na pessoa dos pobres. A 650 metros de altitude, sua formosa fachada branca eleva a alma, leva a Deus. Prevista para 350 enfermos, abriga mais de mil. Possui suas próprias oficinas de carpintaria, encanadores, mecânicos e todo o conjunto estrutural de alimentação. Possui laboratório, farmácia, centrais térmicas e elétricas autônomas, central de oxigênio, serviços administrativos, gráficas, cinema e capela. Suas dez salas de cirurgia, estão dotadas dos mais ultramodernos equipamentos. Cinquenta médicos e mais de trezentos empregados atendendo aos serviços a qualquer hora do dia ou da noite.
Em 5 de maio de 1956 foi a inauguração oficial. Presente estava o Cardeal Larcaro, Arcebispo de Bologna, representando a Pio XI. O Padre celebrou a Santa Missa ao ar livre para 30.000 pessoas. À partir daquele dia o “irrealizável” sonho do seu fundador estava realizado. Um prodígio mais de sua confiança em Deus. O imenso complexo hospitalar funcionava pela Divina Providência. Milhões de liras passaram pelas mãos do Padre Pio sem que este guardasse centavo algum. Tinha as mãos traspassadas, claro!

Livro Padre Pio
Tragédia de fé
Página 76

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