O dia do Padre Pio era longo e cansativo: vivia empenhado cotidianamente durante quinze, dezesseis e às vezes dezenove horas. Um dia que transcorria entre o altar e o confessionário começava, geralmente, às 2h30 da manhã com uma longa e fervorosa oração preparatória para a santa missa, que tinha início às 5 horas.
Durante meio século – De 1918 a 1968 – olhou-se com veneração para o capuchinho estigmatizado de San Giovanni Rotondo. Não foram somente as suas chagas, que ele escondia cuidadosamente com luvas de lã cor do habito, que atraíram as multidões. Todos consideravam uma graça poder participar da missa e encontrar no confessionário aquele sacerdote santo, tão semelhante a Jesus Cristo.
As chagas, além de provocar-lhe sensações dolorosíssimas, sangravam abundantemente, tanto que o cientista Enrico Medi teve de dizer: “Parece-me que não houve nenhum santo na história da igreja ao qual Cristo tenha pedido tanto sangue como o Padre Pio.
Terminada a missa e feita a ação de graças, o padre tomava um café em sua cela, depois se dirigia ao confessionário para escutar e absolver dos pecados aqueles que desejavam confessar-se com ele. Ao meio-dia, rezava o Angelus com os fiéis e dava-lhes a benção. Logo depois ia ao refeitório comum e ocupava o seu lugar à mesa. Comia pouquíssimo: algumas colheradas de canja ou sopa de legumes e meio copo de vinho.
Depois de haver tomado sua refeição frugalíssima, Padre Pio voltava para a cela e rezava até as 15 horas. Em seguida, ia para a Igreja, fechava-se no confessionário e confessava até as 17 horas. Meia hora de relaxamento no pátio do convento durante o verão, ou então na varanda, durante o inverno.
Entretinha-se com algum confrade ou algum fiel necessitado de conselhos, ou ainda se interessava pelos doentes que estavam na Casa Alivio do Sofrimento, falando com os dirigentes, os médicos, os administradores. Voltava então, para a cela onde rezava muitos rosários de Nossa Senhora e outras orações. Às 19 horas aparecia na pequena janela do coro para dar a benção aos fiéis que o esperavam numerosos na praça ao lado. As 19h30 ia novamente ao refeitório comum para um jantar frugalíssimo. Logo retornava à cela e rezava durante diversas horas, até que suas pálpebras cansadas baixavam sobre os suaves olhos indagadores e os lábios secos paravam numa das milhares de ave-marias do seu interminável rosário.
Assim passavam os longos dias do padre Pio: todos iguais, mas sempre ricos em sofrimentos, renuncias, orações, longas horas de adoração diante do Santíssimo Sacramento, sorrisos e conforto para os que sofriam e recorriam a ele para receber algum alívio. E por que não? Também eram ricos em argúcias brilhantes e respostas bem humoradas como esta:
“Padre Pio, o que devo dizer, de sua parte, à minha irmã Rosa? perguntou-lhe uma senhora na sacristia. Sorrindo, respondeu-lhe: “diga-lhe que se torne um cravo!”.

Um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: O conteúdo desse site é protegido
Pular para o conteúdo