Antes da guerra, três filhos espirituais de Padre Pio foram morar em San Giovanni Rotondo: o farmacêutico Carlo Kisvarday, o Dr. Guglielmo Sanguinetti e o agrônomo Mario Sanvico. Provindos do norte da Itália e desconhecidos uns dos outros até então, não tinham outra ambição senão colocar-se a serviço do capuchinho. Em 1940, apesar do rigor do inverno, uma pobre mulher sobe até o convento para entregar a Padre Pio todas as suas economias, uma peça de ouro, a fim de que ele fizesse com ela “algum bem” em favor dos mais desfavorecidos. Ele viu nisso um sinal da Providência. Em 9 de janeiro, reunindo-se com esses três filhos espirituais, disse-lhes:
Essa noite começa minha grande obra terrestre. Tenho aqui a primeira pedra.
E, mostrando-lhes a peça da doadora anônima, “uma barra de ouro de dez francos”, expõe-lhes sua ideia: edificar um hospital para cuidar dos corpos, mas também das almas. No dia seguinte, chegaram oferendas “para as obras de Padre Pio”: 967 liras. Depois é o cego Petrucio, um de seus filhos espirituais mais dedicados, que remete-lhe suas posses: duas liras… Em 14 de janeiro Padre Pio dá o nome definitivo à obra que projeta: Casa Sollievo dela Sofferenza. Um pequeno folheto é impresso em várias línguas para apresentar o projeto aos fiéis. Rapidamente os donativos afluem. Mario Gambino, um trabalhador italiano expatriado em Nova Iorque, envia dólares e promete renovar seu gesto na medida de suas possibilidades: é a origem do “fundo Gambino”. De Paris, onde ele vive agora e onde fez uma fortuna com o brevê de uma nova locomotiva a diesel, o rebelde, mas fiel Emmanuele Brunnato enviará, em 1941, três milhões e quinhentos mil francos (cerca de 600 mil euros) ao comitê que foi criado para a edificação do hospital. A entrada da Itália na guerra torna problemático todo empreendimento, e então comprou-se com os primeiros fundos um terreno que poderia ser revendido em melhores tempos. Mas os donativos continuam chegando, escrupulosamente consignados por Kisvarday um simples caderno escolar. Alguns fatos têm o sabor dos Fioretti:
Espalhou-se a notícia de que um hospital iria ser construído e uma pobre velhinha, numa das primeiras manhãs que seguiram-se a essa notícia, apresentou-se a ele, no confessionário, e quis fazer-lhe um donativo. Padre Pio, que conhecia a pobreza da velhinha, disse-lhe:
_ obrigado! Mas guarde seu dinheiro; precisa dele.
E a velhinha:
Mas Padre, aceite-o!
O Padre insiste:
Não, porque quer tirar o pão da própria boca? Faça como eu digo: guarde para si esse dinheiro, pois precisa dele.
Então a pobre mulher replica:
– Tem razão, Padre: é muito pouco!
Ouvindo essas palavras, Pare Pio compreende que aquela infeliz sentira-se humilhada. Comoveu-se com isso e disse-lhe: “Dê-me o dinheiro, dê-me o dinheiro e que Deus a bençoe”, e fecha a cortina do confessionário para que ela não veja as lágrimas que correm em sua face.

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