18 de junho de 1921 – 11h

Perante mim, o abaixo assinado visitador apostólico, apresentou-se, convocado, neste Convento de San Giovanni Rotondo dos Menores Capuchinhos, o Mui Revmo. Padre Lodovico de San Giovanni Rotondo, que prestando o juramento de veritate dicenda perante os santos Evangelhos, assim expôs, depôs e respondeu:

Sobre a sua identificação.

R. Chamo-me Padre Lodovico de San Giovanni Rotondo, no século chamado Giovanni Miglionico di Matteo, tenho 34 anos e resido neste convento há onze meses.

Sobre o Padre Pio de Pietrelcina.

R. É um religioso de santa vida e ficamos admirados em ser como, doente como é, aguenta tanta fadiga de confessionário, ainda mais comendo tão pouco.
Com respeito a fatos extraordinários, devo testemunhar que nunca vi nada. Há dois fatos em que me baseio para referir a santidade de Padre Pio: os estigmas e o perfume que exala, porque não é algo natural; não se lava com sabonetes perfumados, não usa perfumes.
Em particular sobre os estigmas.
R. Vejo-os continuamente, quando assisto à Missa. Sei que dois médicos foram enviados propositadamente, e disseram não haver explicação natural para isso.
Só observei os estigmas das mãos; contudo, vi as camisolas banhadas [com sangue] do peito. O professor Festa e outro médico enfaixaram-lhe ambas as mãos e colocaram um selo, e o Padre Pio manteve-as assim durante oito dias. Os médicos o medicaram e, depois, as selavam de novo: diziam que, se fosse algo natural, dentro de oito dias haveria de ficar curado: pelo contrário, passados oito dias, saiu tanto sangue que o padre sequer pôde dizer Missa. Ouvi os padres dizerem essas coisas aqui, pois eu não estava presente.

Fale acerca do perfume.
R. Esse perfume é tão forte que não é possível permanecer no seu quarto. O Padre Pio não o sente; diz que, de outro modo, não conseguiria dormir.

É contínuo ou intermitente?
R. No quarto é contínuo; seus objetos – alguns – têm no sempre, como, por exemplo, o lenço e o solidéu; as pessoas o exalam por ondas.
Em 1919, quando passei por este convento: estava aqui o bispo de Melfi. Quando o bispo ia partir, o Padre Pio acompanhou-o até o adro, já fora do convento; então, ele deixou cair um lenço, que recebi da mão de um padre que o apanhou e levei-o para o meu convento na Úmbria. O lenço ficou vinte dias na mala; depois de tanto tempo, ainda conservava o perfume.
Na gaveta da mesinha de cabeceira que tenho na cela esteve um pano do peito de Padre Pio. Há um ano guardo esse pano e ainda posso sentir o perfume de Padre Pio.

Sobre o retrato moral e religioso de Padre Pio
R. Oupa-se muito da oração, prolonga- a, fazendo que se canse de esperá-lo, especialmente quando faz meditação.
Quando fala, além da pessoa com quem conversa, parece que também se dirige a uma outra. Diz-se comumente que fala com o anjo da guarda.
Relativamente à devoção externa, muito devoto, basta olhar para ele: tem o aspecto de um místico profundo.
Acerca das virtudes religiosas, é submisso ao que o superior diz, humilde, quando se encontra com outros, cede o lugar. No que diz respeito à pobreza, observa o que é prescrito pela Regra.
Ao contrário, se alguém quer entregar-lhe a esmola da Missa, nem sequer recebe o dinheiro na mão, remetendo-o a quem se ocupa disso.

Sobre conversa e relacionamento.
R. Mostra-se delicado e afável com todos, sempre sorridente; certas vezes também faz alguma brincadeira.

E o relacionamento dele com as mulheres?
R. Mostra educação, reserva e, por vezes, também se revelou austero.
Em suma para mim, é um bom religioso e se distingue de todos os outros.

Lidas e aprovadas todas essas coisas, o Padre Ludovico de San Giovanni Rotondo foi dispensado, depois de ter prestado o juramento de secreto servando sobre os santos Evangelhos e, em confirmação de tudo, assinou.

Padre Lodovico de San Giovanni Rotondo.
Capuchinho.

Padre Pio
Sob investigação
Francesco Castelli
Página 243

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