No confessionário sabe falar de coração a coração. Mostra-se extremamente doce e afável quando encontra sinceridade, arrependimento e firmeza de propósitos. Muitos reconhecem ter experimentado ali, sensivelmente, a delicadeza de Deus, tal como a tinha descrito Jesus na parábola do Filho Pródigo.
Em contrapartida, usa palavras duras com os penitentes superficiais, com os que se mostram reticentes na acusação de alguns pecados, com os falsos e hipócritas, que parecem convencidos de sua perfeição; com os que vão ali não suficientemente preparados, ou por mera formalidade.
– Padre, cometi uns pecadinhos de nada, aquelas faltas rotineiras, sabe…
– Pecadinhos de nada… faltas rotineiras… Que é isto? É assim que você chama o ofender a Deus?
Ou então:
– Aqui é Deus quem absolve os pecados. Se não se sente culpado, ou acha que pode absolver-se a si mesmo, pode ir.
Em situações assim, às vezes parece perder a linha. Não tolera ver alguém brincar com o pecado, que ofende ao Deus que ele tanto ama. Simplesmente o enxota, às vezes até aos gritos. Mas o faz sabendo que voltará depois, melhor preparado para a absolvição. A mesma regra vale para todos: pessoas cultas, altas personalidades e gente simples.
Foi o caso daquele pai de um filho único, muito doente. Depois de gastar com médicos e remédios, levou o pequenino ardendo em febre ao padre Pio, para que o curasse. Mas foi recebido de forma inesperada.
– Que veio fazer no tribunal de Deus, se não crê em nada? Vá embora, você é comunista, portanto, mais doente que seu filho!
O infeliz sentiu ímpetos de agarrar o pequeno e sumir. Mas um dos presentes interveio e o persuadiu a ficar, a pedir perdão de seus pecados e renegar as teorias de Moscou.
Realmente, à tarde ele reapareceu. Apenas viu o padre Pio, que naquele instante passava do convento para a Igreja, jogou-se a seus pés, chorando.
Estava tão perturbado que não conseguia articular uma palavra.
– É assim mesmo que se deve fazer – falou-lhe o Padre em tom mais amigo, erguendo-o. Um banho de vez em quando faz bem, mas é preciso querer lavar-se. O que você acaba de fazer está certo. Seu filho vai ficar bom. Agora vamos confessar.
Não faz isto por impaciência ou raiva. O penitente precisa entender que o confessionário não é uma máquina de absolvições, e sim um lugar de conversão. Exige, por isto, que manifeste verdadeiro arrependimento de todos os pecados, sejam eles graves ou leves. E que o faça tendo consciência da absoluta santidade de Deus e da necessidade de chegar ao juízo final já purificado, evitando assim quanto possível as penas do purgatório.

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