Um caso de cura não do corpo, mas da alma envolve Michelle di Torremaggiore, destilador que gostava muito de blasfemar.
Num dia de São João, sua cidade havia sido atingida por uma tempestade violenta, e ele não conseguia acender os fornos. Por isso, sentindo-se impotente, se pôs a proferir blasfêmias. Depois de ter insultado todos os santos, passou a amaldiçoar os vivos, a começar pelo Papa. Também não poupou Padre Pio. Assim que pronunciou seu nome, notou que a seu lado havia um frade capuchinho desconhecido. Então, como relata A. Decorte em seu livro, o frade dirigiu a Michelle as seguintes palavras:
— Que a paz do Senhor esteja contigo!
— O quê?! Paz? — vociferou Michelle — Há dias que estou rogando pragas a este maldito forno que não consigo acender, e ainda me vem falar de paz?!
— Que a paz esteja contigo! — repetiu calmamente o frade.
E foi sentar-se num caixote que estava por perto, pedindo-lhe um pouco de lume como se quisesse acender o cachimbo.
Mas Michelle não vê nenhum cachimbo. E fica cada vez mais furioso:
— Ande, acenda-o então… Estou meio maluco porque não consigo acender meu forno e ainda vem zombar de mim!
Julgando que o frade queria rir à sua custa, agarrou uma forquilha e levantou-a, ameaçador, enquanto esbravejava:
— Então! Será o senhor como esse Padre Pio, com seus pretensos milagres?
O frade bate com força no peito, dizendo com uma voz clara:
— Eu sou Padre Pio!
Nesse instante, uma enorme chama salta do forno. Michelle, atordoado, desmaia.
O frade o chama pelo nome e, assim que ele acorda, lhe diz estas palavras, com um sorriso nos lábios:
— Michelle, não tenhas medo… Aprende a ter confiança em Deus e desde agora, não digas mais blasfêmias.
Desse dia em diante, Michelle deixou de blasfemar e tornou-se um grande admirador daquele mesmo frade que chegara a considerar um impostor.
Livro: Padre Pio
crucificado por amor
Silvana Cobucci Leite
Página 72
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