A cela número 5 era uma das mais frias no inverno e mais abafadas no verão. Por isso, os superiores decidiram, num determinado momento, equipá-la, primeiro com um aquecedor, depois com um aparelho de ar condicionado doado por um filho espiritual de Roma. Ele, porém, sempre se opôs a utilizá-los, e em particular dizia ao padre Mariano Paladino: “Como posso me apresentar diante de São Francisco com esses aparelhos? São Francisco não ficará contente comigo…”.
Todo aspecto de cotidianidade de padre Pio “tinha sabor de pobreza”. Enquanto caminhavam juntos, dom Pierino Galeone notou sobre o hábito do capuchinho, do lado direito do peito, um grande remendo, malfeito. O amigo sacerdote ficou chocado e perguntou: “Padre, quem lhe fez esse remendo?” “Eu mesmo”, respondeu, “e fiz o meu melhor!”. Dom Galeone se calou, ainda mais surpreso e admirado, enquanto padre Pio, sereno e indiferente, continuou a caminhar rezando. A delicadeza de padre Pio em não dar trabalho aos coirmãos, mais um sinal de profundo espírito de pobreza, pôde testemunhá-la ainda mais eloquentemente padre Inocêncio Cinicola Santoro, o qual conseguiu ouvir, enquanto lavava as próprias roupas íntimas , o coirmão dizer: “Abençoado é você que pode fazer sozinho as suas coisas. Eu não posso …”, e olhava as próprias mãos doloridas.
Embora convencido, conforme se lê na carta de 3 de junho de 1919 a padre Bento de San Marco in Lamis, que “a maior caridade é a de arrancar almas possuídas pelo Satanás para ganhá-las para Cristo”, padre Pio não poupava nenhuma energia, mesmo quando se tratava de atender os necessitados de ajuda material. Como havia confidenciado, sempre ao padre Bento, em 26 de março de 1914, “a enorme compaixão que a alma sente diante de um pobre faz nascer no seu próprio centro um imenso desejo de socorrê-lo, e se considerasse a minha vontade, me apressaria a despir-me até mesmo dos panos para vesti-lo”.

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