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Depois da santa missa do Padre Pio,nesta manhã,saí para comprar algumas fotografias e alguns cartões postais.Fui procurar o fotógrafo Pio Abresch,um alemão,ex-maçom,convertido ao catolicismo.É uma pessoa de espiritualidade incomum.Ficou junto ao Padre que o converteu e o ama muito.Então,enquanto estou escolhendo algumas fotos,o senhor Abresch me diz,indicando-me a única pessoa presente,com quem ele estava conversando: “O senhor conhece o senhor Milton?”.
Respondo que não;depois dos cumprimentos convencionais,procuro virar de costas para me ver livre desse senhor,porque,quando estou em San Giovanni Rotondo,prefiro permanecer afastado e sozinho,e não me agrada estabelecer muitas relações.Cumprimento-o e saio.Mas dou apenas alguns passos,quando escuto aquele tal senhor Milton me chamar.É um romano como eu,mas me dá a impressão de ser mexeriqueiro.Contudo,devo fazer das tripas coração.Ele logo começa a me tratar por “você” e me pede para esperá-lo,porque quer vir comigo.Como simples resposta,lhe digo que devo rezar o terço,como sempre faço,indo até o fim do Viale dei Capuccini,isto é,até a aldeia,e depois voltar novamente a igreja.
Sem se perturbar,ele me diz que também quer rezar o terço.Pegamos nossos terços e pergunto se ele quer enunciar os mistérios.Diz que eu devo fazê-lo.Começo em latim:”Deus in adiutorium meum intendi…”etc.Ele continua calado;prossigo com a enunciação do mistério,depois com a primeira metade do Pater noster.Ele se cala e me diz que não sabe.Julgo que não saiba o Pater noster em latim,por isso,digo-o inteiro;depois recito a primeira metade da Ave Maria,em latim e recomeço em italiano.Mas nada;absolutamente nada!Então,decido-me perguntar:”Mas você não sabe o Pater Noster?”.E ele: “Não”.”E a Ave Maria,você sabe?” E ele: “Não”.”E então,que terço vamos rezar?” Foi apenas nesse momento que me veio uma idéia.Recoloco no bolso o terço e começo a perguntar-lhe algumas coisas;como uma palavra puxa a outra,disse-me que,quando era criança,não tinha ido à igreja;que já algum tempo viera a Padre Pio porque Eligio D’Antonio o tinha levado à força;que tinha decidido vir aqui porque estava doente e Eligio lhe tinha dito que Padre Pio era um frei “curador”;que Padre Pio,da primeira vez,o tinha expulsado diante de todos,mas que,depois,por causa de certas coisas que aconteceram,tinha decidido voltar;que desta vez estava entusiasmado com Padre Pio,porque foi acolhido muito bem… Compreendi que estava diante de um “caso especial”.Em poucas palavras,falo-lhe de Deus; falo-lhe de Jesus,de Maria,da criação do mundo e não sei mais de quais outras coisas.Caminhamos até o fim do Viale; voltamos até a igreja;depois,sob sua insistência,novamente até o fim.
Como primeira lição,ensinei-lhe a rezar a Ave Maria.Nunca me cansei tanto em minha vida;ele aprendia um pedaço e se esquecia do outro.Até que, dado que Deus o quis,consegui,embora lhe sugerindo o início vez por vez ,até fazê-lo dizê-la bem inteiramente.Quando me pediu que lhe ensinasse também o Pater Noster,aconselhei-o a estudá-lo num livrinho de orações…
No final,ele me diz:”Escute aqui: se eu rezo a Nossa Senhora das Graças,parece-me que magôo Nossa Senhora da Pompéia,que conheci numa recente viagem com Eligio D’ Antonio”. Quando lhe explico e o faço compreender que Nossa Senhora é só uma e que apenas os “títulos” mudam de um lugar par o outro,devido as devoções particulares,ele fica tão feliz e contente,que pouco falta para que me abrace.Pelo aspecto,esse senhor Milton deve ter cerca de 50 anos.
Em Roma,pergunto a Eligio a respeito de Milton e lhe conto como lhe ensinei a Ave Maria.Ele me diz que Milton mora em Roma,em Monte Sacro.Antes,era um pouco o terror do velho pároco da Paróquia dos anjos da Guarda em Monte Sacro,porque,quando andava pelas ruas e via um sacerdote,se não dizia palavras mais ou menos ofensivas,dava um jeito para empurrá-lo enquanto caminhava.Milton é um homem de estatura alta e,embora esteja muito doente,ainda é muito forte fisicamente.
Eligio,que se tinha convertido havia pouco tempo e tivera a alegria de conhecer Padre Pio,falou dele a Milton.Tomou como pretexto o fato de que os médicos tinham revelado a Milton a gravidade de seu mal para dizer-lhe que ele conhecia um “frei curador” e que muitas pessoas procuravam aquele frei para serem curadas.Depois de alguns momentos de atrito e de forte ressentimento de Milton,este decidiu ir a San Giovanni Rotondo com Eligio.Apenas se ajoelhara no confessionário dos homens,na sacristia,e Padre Pio o pôs para fora de maneira bem mal-educada,levantando a voz e dizendo-lhe:”…bela flor…e vem aqui da cidade das flores!”.
Para quem não sabe,Monte Sacro,em Roma,é também chamado Cittá giardino, devido a uma cooperativa de construção civil assim denominada,que surgiu ali há muitos anos.
Milton distanciou-se mal-humorado,chamando Padre Pio,em voz alta,de “desaforado”. Na praça em frente à igreja,recompõe-se do atordoamento.Está como que envenenado e irrita-se com o fato de que ele,habituado a revoltar-se diante da menor grosseria,tenha se deixado ofender sem reagir.E diz,na frente do grupinho de amigos que tentam acalmá-lo: “Amanhã,vocês vão ver o que eu sei fazer,quando ele estiver no altar”.Quem o conhece apavora-se.Milton não brinca,nunca brincou ao afrontar quem o ofendesse.Mas sei que,entre a agitação dos amigos,um deles (parece-me Eligio) faz lhe notar:”… mas Milton,aquela frase que ele lhe disse e que você repetiu é profética.Ele lhe disse ‘que bela flor’… e ‘vem aqui da cidade das flores’… Você se chama Rosa e vem de Cittá giardino…”.
Há um momento de reflexão.Parece que Milton,de repente,volta a raciocinar.Primeiro,tinha dito que eram palavras insensatas;agora,pelo contrário,adquirem para ele um sentido todo novo,uma palavra dita por alguém que o conhece bem.
Durante o dia só se fala dele.Por fim,Eligio consegue convencê-lo a procurar o Padre no dia seguinte para pedir alguns esclarecimentos.De fato,no dia seguinte,ele retorna ao confessionário e é acolhido com doçura pelo Padre,que o escuta,dirige-lhe algumas boas palavras e lhe diz para ir a Roma,colocar as coisas no seu devido lugar,e depois voltar a San Giovanni .
Milton, agora,está transformado.É como se sempre tivesse ouvido falar de Deus.
Retorna a Roma e logo põe “as coisas em seu devido lugar”.À mulher com a qual vive,diz que lhe dará uma casa e resolverá sua situação.Convence-a a aproximar-se da igreja e, por enquanto,consente que permaneça na sua casa,mas vivendo “como irmão e irmã”.Àqueles aos quais ofendeu ou com quem foi injusto,repara além do que é devido.
Quando o senhor Milton volta a San Giovanni Rotondo, Padre Pio,descendo à sacristia,em meio à multidão que o circunda,chama-o: “Venha aqui,deixe-me ver como você está!…”. Milton, depois,confessa-se com Padre Pio e fica felicíssimo.Agora parece outro homem e se torna meu grande amigo.É inacreditável: logo depois de sua volta a Roma,começa a dedicar-se a visitar os doentes nos hospitais e a lhes falar de Padre Pio(ver 12 de outubro de 1958).Milagres de Deus!

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