Entretanto, os anos foram passando. Em 1941, Dom Alfredo Viola, arcebispo de Salto, em comemoração de suas bodas de prata sacerdotais, promovera um congresso sobre vocações religiosas. Encontravam-se presentes todos os bispos do Uruguai e alguns da Argentina, além de padres e fiéis. Na noite de 11 para 12 de setembro, Dom Ferdinando teve um ataque de angina no peito. Sozinho no quarto, estava prestes a telefonar, quando lembrou da promessa do padre Pio. Eis, porém, que, na mesma hora, Dom Antônio Maria Barbieri, futuro cardeal de Montevidéu, acordou sobressaltado com uma forte batida na porta do quarto, seguida pelas palavras:
– Vá depressa assistir Dom Damiani, ele está morrendo.
O arcebispo acordou rapidamente alguns padres, apanhou os santos óleos, e juntos acorreram. Ao entrar no quarto, porém, percebeu na penumbra a silhueta de um frade capuchinho, que logo se desvaneceu no corredor. Barbieri olhou em volta. Verificou as portas e janelas. Tudo fechado. Por onde teria entrado e quem seria? O mistério se aclarou quando, sobre o criado-mudo, viu um bilhete com estas palavras rabiscadas a lápis: “Padre Pio veio”. E na parede, emoldurado, o bilhete do padre Pio.
Dom Barbieri guardou os dois bilhetes, com a intenção de algum dia checar pessoalmente a verdade daquelas palavras e também a identidade do religioso que vira fugazmente no quarto de Dom Damiani. A oportunidade se ofereceu no dia 13 de abril de 1949, quando, por ocasião de uma visita ad limina, foi a San Giovanni Rotondo. Chegou ao convento e perguntou pelo padre Pio. De imediato o reconheceu. Mesmo assim, para descartar qualquer dúvida, lhe indagou:
– O senhor já esteve no Uruguai?
Mas o padre se fez de desentendido. Receando que não tivesse compreendido a pergunta, o arcebispo foi direto ao assunto:
– Acho-o parecido com o capuchinho que vi no quarto de Dom Damiani, na noite em que ele morreu. Acaso era o senhor?
Novamente ficou sem resposta. Então comentou sorrindo:
– Compreendo, padre Pio. Compreendo…
E ele, com uma daquelas evasivas em que era mestre e que usava quando não queria confirmar e não podia negar, respondeu:
– Ah, sim. Vejo que Vossa Excelência compreendeu. Que bom!
livro Padre Pio O Santo Do Terceiro Milênio/pág 195
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