O ano de noviciado é uma etapa de extrema importância na vida religiosa. Pode ser comparado aos sólidos fundamentos de uma grande construção, a um treino férreo para difíceis competições atléticas. Os fundamentos, construídos segundo critérios científicos, conferem segurança e estabilidade ao edifício. Os treinos permitem aos atletas enfrentar os desafios que, de outro modo, seriam impossíveis.
Na juventude de Padre Pio, esse período de prova situado no início da vida religiosa, baseava-se em normas antigas, fruto de experiências seculares. A existência cotidiana da comunidade era marcada por horários e hábitos rígidos, que impunham sacrifícios físicos e morais terríveis, os quais, prolongando-se por 365 dias, sem uma única interrupção, sem uma exceção, sem o mínimo abrandamento de tensão, se tornavam massacrantes…
O noviciado pode ser comparado a uma academia para o espírito. Mas, enquanto as academias do corpo ocupam uma ou várias horas, duas ou três vezes por semana, o noviciado de Frei Pio era uma ocupação contínua, um tirocínio de 365 dias, 24 horas por dia.
Também não devemos esquecer que, da vida de um noviço religioso, faz parte uma componente particular, que tem grande influência e uma enorme importância: a ajuda vinda do alto. O silêncio, a oração e a meditação são vários meios para dialogar com Deus. E Deus responde sempre.
Abandonando-se às sugestões do interlocutor sobrenatural, o noviço é encaminhado através de experiências que superam as da vida normal, e penetra nos meandros da ascética e da mística. O seu conhecimento da vida e da realidade terrena aumenta e enriquece-se com novos e vastos parâmetros. A sua sensibilidade torna-se mais aguda e fina. Nasce um homem novo, com novas visões da realidade, visões ilimitadas.
Tudo isso se verifica em Frei Pio. O ano do noviciado foi para ele não tanto um “ano de prova”, mas, como já dissemos, um ano de diálogos, de “encontros” com o sobrenatural. Encontros dos quais nunca se soube quase nada, porque ele só rarissimamente comentava, mas os resultados eram visíveis: uma mudança radical de vida e de comportamento.
Contudo, tal mudança não destruiu a sua personalidade nem sua independência. Francesco continou a ser uma pessoa com os pés bem assentados na terra, capaz, portanto de avaliar e de ajuizar. Nunca foi escravo das práticas exteriores. Nunca renunciou ao seu próprio modo de pensar e de analisar as coisas. Conservou a mente lúcida e a sabedoria campesina que sempre o levaram a fazer escolhas concretas e práticas. Aceitou tudo o que fazia parte do noviciado, mesmo sem o aprovar. Não concordava com muitas coisas, mas executava-as igualmente, sem criticar, demonstrando ser uma pessoa livre, capaz de escolhas conscientes.

Livro: Padre Pio
Um santo entre nós
Renzo Allegri
Página 90

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