Por volta dos 10 anos de idade, Francesco anunciou aos pais que queria tornar-se frade capuchinho. Desejava dedicar a própria vida a Deus, servindo-o na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos.
Naquele período tinha conhecido um jovem religioso mendicante. Tinha-o visto pela primeira vez em Piana Romana, durante o verão, enquanto a família estava entregue ao trabalho febril da colheita do trigo.
Sentira-se tocado pela postura, pelos modos afáveis e pelo sorriso daquele irmãozinho, que suscitavam simpatia e um respeito natural, mas também pela sua característica barba negra e espessa.
O frade mendicante chamava-se Frei Camillo, tinha 27 anos e recebera há um ano e meio o hábito franciscano no convento de Morcone, aldeia que dista cerca de trinta quilômetros de Pietrelcina.
A figura de Frei Camillo ficara gravada de forma incisiva na mente de Francesco, e o rapaz decidira tornar-se frade Capuchinho, como ele. Ao evocar aquele encontro, Padre Pio repetia sempre: “A barba de Frei Camillo tinha-se fixado na minha cabeça, e ninguém podia arrancá-la de lá”.
Já há tempos que Grazio e Giuseppa tinham percebido uma acentuada predisposição para a vida espiritual naquele seu filho.
Tinham intuído que seu comportamento encerrava qualquer coisa de misterioso e inexplicável. Assim, não ficaram surpreendidos ao escutar o seu desejo. Em certo sentido, já estavam à espera daquele pedido, e tomaram-no imediatamente em seria consideração.
Deram-se conta de que constituía para eles um problema bastante grande. Como já dissemos, Francesco não tinha frequentado a escola primária. Aos 10 anos, não sabia ler nem escrever. Entrando no convento em tais condições, poderia aspirar apenas ao estado de “irmão leigo”. Contudo, Grazio e Peppa sabiam que o rapaz era muito inteligente e “sentiam” que ele poderia vir a ser um sacerdote importante.
Era necessário, portanto, mandá-lo à escola, recuperar o tempo perdido, prepará-lo rapidamente, de modo que pudesse apresentar-se no convento com o nível de instrução requerido para empreender os estudos conducentes ao sacerdócio.
Depois de uma longa reflexão e de ter consultado a mulher, Grazio fez uma rápida avaliação “econômica” do problema e chegou à conclusão de que os estudos do rapaz, estudos particulares, pois já não era possível usufruir da escola pública, lhe custariam muito caro: uma soma importante por ano, soma que ele não tinha e que os seus campos, dos quais retirava o sustento, nunca lhe poderiam render.
Mas Grazio não desanimou. Era um homem de coração arrojado e sabia, embora talvez por instinto, que Deus nunca abandona quem procura o bem. Com uma extraordinária força de ânimo, que demonstra quanta consideração sentia pelo pedido do filho, decidiu encarar todos os sacrifícios necessários.
Livro: Padre Pio
Um santo entre nós
Renzo Allegri
Página 58
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