Não menos pitoresco é o caso do taxista de Prato. Comunista ferrenho, era também amigo do vinho. Como acontecia de vez em quando, também naquela noite chegou embriagado. A tal ponto que mal conseguiu jogar-se na cama, assim como estava. Em pleno sono foi acordado por uma voz de tom severo. Parecia de alguém que estivesse embaixo da cama e o xingava pelo tipo de vida que levava. Inesperadamente, como se saísse do nada, um frade apareceu a seu lado. Caramba, quem podia ser? Pulou da cama para fechar a porta e impedir que fugisse. Mas, que nada! Do mesmo jeito como apareceu, também sumiu.
– Quem botou este cara para dentro? – cobrou da mulher, aos gritos.
Onde se viu meter um frade no quarto de um casal, de noite? E ainda embaixo da cama… é o fim…
Cansada de ouvir seus gritos, a mulher explicou:
– Sabe, conheço um frade santo, que nunca deixa de atender aos que lhe podem graças. E eu, há tempo, rezo a ele por você, para que o ajude a tomar jeito. Não fui eu que o botei para dentro, entrou por si…
– Quem é ele, onde mora, de que maneira conseguiu meter-se aqui?
Você fala que é santo, mas só mesmo um louco varrido aceitaria enfiar-se debaixo da cama de um casal à noite.
– É um padre chamado Pio, que mora em San Giovanni Rotondo. Entrou aqui por um poder especial que têm os santos.
– Bem, seja lá o que for, diga a esse frade voador que pare com estas besteiras, não pense que vai me fazer bobo.
Passaram-se alguns dias, e Giovanni, encucado com o que aconteceu, decidiu tirar o caso a limpo. Entrou no táxi e flexou para San Giovanni Rotondo. Não lhe foi difícil encontrá-lo.
Vencido o susto inicial, viu o Padre aproximar-se e, sem muitos rodeios, pegá-lo pela mão e conduzi-lo ao confessionário. Então – contaria depois – aquilo que eu tinha esquecido, ele me lembrou. Que alívio senti! No fim, eu chorava de Alegria, e ele de satisfação.
Tão arrependido estava que pediu ao Padre para lhe rasgar a ficha de comunista.
– Claro, claro, mas não esqueça que, em casa, tem outra igual. Rasgue-a você mesmo, ao chegar, tá?
Antes da absolvição, padre Pio prometeu ajudá-lo, mas sem deixar de cobrar:
– Como você, com sua vida de comunista, deu muito escândalo, precisa fazer alguma coisa em reparação. Por penitência irá comungar todos os domingos, na última Missa da sua Igreja. E isto até nova ordem.
O sacrifício era físico (jejum desde a meia-noite, como era norma naquele tempo) e psíquico (era o único a comungar naquele horário).
A penitência durou quase um ano. Chegou a emagrecer, mas nunca pediu para mudá-la. E acabou virando apóstolo entre os camaradas comunistas.
Aos que o taxavam de beato respondia:
– Tudo bem! Por que não me acompanham a San Giovanni Rotondo, para ver o que acontece?
A viagem com os camaradas vermelhas se realizava cada mês. E alguns acabaram se convertendo. Sua amizade com o padre Pio nunca terminou. E dizer que tudo começara com uma brincadeira, até de mau gosto, convenhamos, graças ao dom da bilocação.

Livro Padre Pio O Santo Do Terceiro Milênio/198

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