Uma outra vez, os habitantes de San Giovanni Rotondo foram alvoroçados por um belo automóvel, que despejou no limiar da Igreja um grupo de “damas” pintadas, de vestidos demasiados curtos, acompanhados por um elegante chocarreiro. Tratava-se de uma companhia de teatro, que fizera um desvio para ver o “santo” e divertir-se à sua custa. Habituado ao seu papel, o mancebo declamava: “Onde está o Padre Pio? vim para ser convertido”!
As damas abafavam os risos, enquanto o irmão porteiro começava a perder a cabeça.
Tratava-se de uma conversão?… O Padre Pio que desembrulhasse a meada! “Vão à sacristia: Ele está a confessar”!
Com ar de mofa, atravessam a Igreja sem sequer esboçarem uma genuflexão diante do altar principal.
“Onde está o Padre Pio”? pergunta o comediante. “Acaba de sair”, respondem-lhe — “devem tê-lo encontrado na Igreja”.
— “Não, não o vimos. Não é possível…”. Os peregrinos, reunidos na sacristia, olham com certo pasmo esta ruidosa companhia: habituados porém à pescaria do Padre Pio, em busca dos “peixes grandes”, oferecem amavelmente os seus serviços. Procuram o Padre Pio na Igreja, no convento, no jardim; impossível encontrá-lo! Impacientes, os trocistas não escondem o seu desapontamento. Os sorrisos de mofa paralisam-se nos lábios. “Desculpem”, murmuram os capuchinhos, não o encontramos.
“Saiu então”? “Decerto, não! — “Mas então onde está”? Frei Gerardo encolhe os ombros: “quem saberá dizê-lo”?
Furiosos, perplexos, os intrusos metem-se no carro, que logo abala por entre nuvens de pó, no meio de gritos e pragas. Os que os viam partir, de pé à entrada da Igreja, viram e fixam os olhos no Padre Pio. “Onde estava pois, o Padre”? O Padre Pio sorriu. “Passei e tornei a passar na vossa frente, mas não me viram”. E entrou tranquilamente no confessionário.
Não conhecemos o fim desta aventura; no entanto, os íntimos do Padre Pio ficariam muito admirados se, no fim, não tivesse dado “grande conversão”.

Padre Pio
O Estigmatizado
Maria Winowska
Página 141

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