Tantos reveses enchem de apreensões os três amigos. Fazem parecer cada vez mais distante o sonho do padre Pio. Mas a confiança dele em Deus é inquebrantável. Um rochedo que nada consegue abalar. A obra fora-lhe pedida por Jesus, e está convencido de que a Providência lhe abrirá o caminho.
Obstáculos incríveis. Olhando para a encosta escapada que deverão desbravar e desintegrar muitos abanam a cabeça, incrédulos.
No entanto, sob o sol primaveril, os flancos rochosos começam a ser dinamitados. Os ares reboam explosões. Durante semanas e meses, o mundo todo parece estremecer. Ainda bem que são detonações pacíficas. A elas vem juntar-se o coro das picaretas e dos martelos, na sua luta sem tréguas contra a pedra, que é preciso arrancar e quebrar.
Em 19 de maio seguinte, lança-se a pedra fundamental – a semente que, acalentada por Deus com seus raios de amor, deverá dar origem a uma verdadeira cidade hospitalar.
O sonho do padre Pio se reacende, adquire novo elã: “Preciso construir a catedral da dor, a fim de que todos os que vierem aqui curar o seu corpo sintam o sopro do Espírito. Uma catedral em que, ao aceitar o doente, se esteja aceitando Jesus crucificado, porque em cada sofredor é o próprio Jesus que sofre. Se além de doente, é também pobre, Jesus está presente nele em dobro. É nós sofredores que Jesus se torna visível entre nós”.
Enquanto aguarda melhores dias para dar prosseguimento aos trabalhos, pensa, reflete, analisa. Tem ainda vivas na mente suas experiências de doente no Hospital Militar de Nápoles. Ali pudera ver com os próprios olhos como eram tratados os pacientes. Como números apenas, não como pessoas e filhos de Deus. Lembra como ficava indignado ao ver os sofrimentos, os abusos, e as humilhações por que passavam. Um outro caso ocorrera ainda recentemente. Durante os trabalhos de escavação, um operário fora atingido no rosto por pequenos fragmentos de pedra. Internado num hospital vizinho, recebeu, vários dias depois, a visita de um companheiro, que o encontrou com a mesma roupa suja de sangue e as feridas envoltas em ligaduras imundas. Ao ouvir o relato, padre Pio, com a voz embargada, comentou com o Dr. Sanguinetti: ” Vê o que está acontecendo? Apure com os trabalhos. Como é que podem tratar assim a pobre gente?”
Também reflete sobre a situação do doente de condição humilde, que se sente perdido, longe da própria casa e dos familiares.
Como poderá seu hospital ir ao encontro desses problemas? Primeiro não lhe dando o nome de hospital e sim de “casa”, na qual o paciente possa reencontrar o clima afetuoso do próprio lar. Onde, ao lado da mais alta tecnologia, se evite o ambiente de hospital, criando um relacionamento o mais humano possível.
Quanto às pessoas que ali irão trabalhar, deverão ter como objetivo principal “aliviar-lhe o sofrimento “, movidas pela convicção de que em cada enfermo encontra-se presente o próprio Cristo.
Tendo como intuito primordial ser expressão do amor de Cristo, acolhendo gratuitamente a todos os doentes, sua instituição não poderá estar filiada a organizações governamentais, por causa da inevitável burocracia.
Preocupa-o também a situação dos padres diocesanos idosos. A maioria deles no fim da vida, vê-se de repente sem teto, vivendo apenas da aposentadoria, doentes e sem recursos para tratamento médico, e muito menos para – se abrigarem em casa geriátricas.
E, pouco a pouco, o nome da sua futura instituição vai-se definindo. Deverá chamar-se “Casa Sollievo della Sofferenza” – Casa Alívio do Sofrimento.

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