Ótima análise detalhada com a qual padre Pio descreve para padre Bento a tentação do maligno, a qual afasta o santo do presente, reportando-o, mediante a memória, às culpas do passado —- que, no entanto, foram perdoadas —, mas tornando-o melancólico, quase depressivo. Padre Pio sente-se aliviado ao orar aos pés de Jesus, em que exatamente sente o alívio pelo cansaço contínuo de superar as tentações do mal, aquelas que, ao ofuscarem a mente, reportam continuamente a memória “à vida secular”.
Pietrelcina, 19 de março de 1911.
Meu caríssimo pai,
Na ocasião de seu onomástico, escutando a voz do coração, que me diz para ser grato a um superior e padre, envio-lhe a presente para lhe desejar o mais feliz dos onomásticos.
Em tal dia, não deixarei de redobrar as minhas orações ao Senhor, para que se digne de preservá-lo de toda desgraça.
O demônio, caro pai, continua a mover guerra contra mim e desventuradamente não se deixa dar por vencido. Nos primeiros dias em que fui colocado à prova, confesso a minha fraqueza, estava quase melancólico; mas depois, pouco a pouco, a melancolia passou e comecei a me sentir um pouquinho aliviado. Ao orar depois aos pés de Jesus, pareço não sentir de fato nem o peso do cansaço que foi causado ao vencer, já que fui tentado, nem o amargor dos desprazeres.
As tentações que dizem respeito à minha vida secular são as que mais tocam o meu coração, ofuscam-me a mente, me fazem suar frio e, diria, me fazem tremer da cabeça aos pés. Em tais momentos, os olhos apenas me servem para chorar; vou me confortando e encorajando apenas ao pensar naquilo que o senhor me sugerir em suas cartas.
Também ao subir ao altar, meu Deus!, sinto tais assaltos, mas tenho Jesus comigo; o que poderei temer?
Abencoe-me fortemente e não deixe de recomendar-me também o senhor, a Jesus, como todos os dias faço pelo senhor.
frei Pio.
Padre Pio
As cartas do santo de Pietrelcina
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