Em certos casos, as salvações < in extremis > são bastante espetaculares. Durante a libertação, uma das suas filhas foi presa como < fascista > e condenada à morte pelo tribunal dos maquis. Estava inocente dos crimes que lhe imputavam, mas como prová-lo? No instante em que a algemaram para conduzir ao lugar da execução, pegou num rosário e numa fotografia do Padre Pio e entre soluços, rezou: < Padre, Padre, venha em meu auxílio! >.
Durante o trajeto, uma multidão em delírio atirava-lhe pedras, de mistura com as piores injúrias. Mais morta do que viva, chegava enfim ao lugar onde a esperava o pelotão da execução, quando bruscamente, o tráfico foi detido por uma longa coluna de blindados, ambulâncias e tropas que marcharam para o norte. O chefe do pelotão ordenou que suspendessem a execução, e, esperou,
< como que hipnotizado > de pé, sobre um carro.
< Quando passarem todos, pensava a pobre rapariga, então soará a minha última hora. Padre, Padre, por que não está junto de mim? >.
O tempo passa, o desfile continua. Cansados e talvez pouco seguros do que pretendíam fazer, os maquis vão dispersando. Só o
< comandante > fica de pé, direito como um ponto de exclamação, hirto como um sonâmbulo.
Esta suspensão bastara aos amigos da jovem rapariga para estabelecer o álibi e provar a sua inocência. Livres da embriaguez momentânea, os delatores continuavam a tremer diante de possíveis represálias, quando alguém trouxe a notícia de que a execução fora suspensa pela passagem das tropas. No momento em que as últimas colunas iam passar pela estrada fatal, o ruído dum motor alvoroçou a jovem. < Um senhor desconhecido, vindo em automóvel >, declarou à queima-roupa, < que podia considerar-se livre > e levou-a, sem mais detença para casa. Nesse tempo o apuramento de contas era bastante sumário…
Mas, ainda não foi dito o melhor da história. Na Itália, como na França, bandos de salteadores saqueavam a casa dos condenados e tiravam a sardinha da brasa… com o pretexto de procurar explosivos. Precisamente no momento em que alguns dos bandoleiros mascarados estavam prestes a saquear o quarto da rapariga, debaixo do olhar horrorizado da irmã, um < Basta > sonoro e imperioso obrigou-os a deterem-se pasmados. Olharam uns para os outros cheios de terror, pois aquela voz parecia vir de um alto-falante que não conseguiram descortinar. Um novo < Basta >, ainda mais colérico e poderoso, forçou-os a fuga precipitada. Quando a condenada entrou em casa, a irmã caiu-lhe nos braços soluçando perdidamente. Era a voz do Padre Pio! Foi ele quem fez fugir os ladrões!
Alguns meses mais tarde, quando lhe foi permitido circular, a jovem em questão tomou o comboio para San Giovanni Rotondo. O Padre Pio acolheu-a com um sorriso!
< O que tu me fizeste correr, filha, com a tua fé >.
E impôs silêncio a explicações mais amplas.
Livro: Padre Pio O Estigmatizado.
Maria Winowska
Página 146
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