Vendo a guerra um castigo que as nações provocaram por sua infidelidade à lei divina da caridade, vislumbrava em toda crueldade as consequências do pecado, o que aumentava muito seu sofrimento. Que pelo menos Deus poupasse a Itália da provação, suplicava ele:
Antes de tudo, que nossas orações elevem-se para desarmar a cólera de Deus contra nossa pátria. Também ela tem inumeráveis contas a prestar a Deus. Que ao menos aprenda das provações de outros países, como é pernicioso para uma nação afastar-se de Deus, e que saiba entoar o tempo seu miserere.
Mas, iluminado sobrenaturalmente, logo rendeu-se à evidência e, com o coração partido, comunicou a seu diretor o que Jesus fazia-lhe compreender em sua oração:
A Itália, meu filho, não quis ouvir a voz do amor. Que saiba portanto que, há muito tempo, retenho o braço de meu Pai, que quer lançar sobre essa filha adúltera os raios de sua cólera. Esperava-se que as desgraças de outras nações fizessem-na cair em si mesma, levassem-na a entoar o miserere. Mas ela não soube apreciar esse último gesto de meu amor, e seu pecado tornou-se assim ainda mais abominável para mim… Também a ela está reservada uma sorte comparável à que flagela suas irmãs.
Sua dor é tão viva que via a morte como uma libertação:
Os horrores da guerra, meu pai, deixam-me constantemente em uma mortal agonia. Gostaria de morrer para não ver tal hecatombe, e se o bom Deus quisesse fazer-me essa graça, como eu lhe agradeceria! O senhor também, reze para que o Senhor se digne a atender aos nossos pedidos.
As palavras proféticas de Jesus realizaram-se um mês depois, quando, a 24 de maio, a Itália engajou-se ao lado dos Aliados. Padre Pio conformou-se resignando-se a ver nessa provação suplementar uma permissão divina, buscando compreender seu significado espiritual para a realização dos desígnios de Deus, por mais incompreensíveis que fossem à razão e aos cálculos humanos.
Livro: Das sanções do Santo Ofício ao esplendor da verdade
Joachim Bouflet
Página 170
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