Depois de ter perdido a mãe, Padre Pio começou a preocupar-se com a maior solicitude com o pai. Continuava a chamar-lhe “Tatá,” como fazia em criança. E contava a todos com orgulho: “O meu pai, para me fazer estudar, atravessou vezes a água”, ou seja, foi duas vezes para a América.
Agora Grazio tinha ficado só. Onde iria viver? Quem cuidaria dele? Michele tinha a sua própria família, e o mesmo se passava com Pellegrina. Graziella estava no convento.
Num impulso de generosidade, algumas filhas espirituais de Padre Pio tinham sugerido que Grazio se mudasse para San Giovanni Rotondo, para estar perto do seu filho religioso, e elas cuidariam dele. Mas a ideia não agradava a Padre Pio. Intuía as dificuldades que se levantariam. Não lhe agradava que o seu “tatá”, assistisse de perto às humilhações a que ele era sujeito, e ouvisse as calúnias que circulavam sobre o filho.
Por isso, duas semanas após a morte da mãe Peppa, escreveu uma longa carta ao irmão Michele, abordando detalhadamente este assunto: “Como está o nosso pai? Recomendo-o vivamente à sua solicitude e afeto filial. Rodeie-o de afeto, e evite contristá- lo até nas mínimas coisas.
Soube que tem insistido calorosamente, e também sincera e cordialmente, para trazê-lo para cá. Porém para dizer-lhe a verdade, não acho que isso seja bom, por uma infinidade de razões. Que ele venha e vá à sua vontade, acho òtimo, mas a ideia que tenha aqui praticamente um domicilio não me parece boa. Seria pouco honroso para você, que é o seu único filho, e pouco agradável para mim, que muito pouco podia fazer por ele, dada a minha situação excepcional. Além disso, também seria um pouco desonroso para essa nossa aldeia deixar partir um pobre velho de forma errante, quase nos últimos anos da sua vida, negando-lhe asilo. Pelo menos deveria ser esse juízo que formariam os de fora.
Cabe, portanto, a você, impedir tal horror, rodeando de solicitude e afeto o nosso querido velhinho. Se achar bom, expliquei-lhe com doçura as referidas razões. De qualquer forma, não quero que ele fique minimamente contristado.
Eu, pelo meu lado, estou pronto a aceitar qualquer humilhação e mortificação, contanto que ele seja poupado.”
Grazio ficou em Pietrelcina. Michele tomou conta dele. Padre Pio sabia que podia contar com o irmão. Quando o apresentava aos amigos, dizia dele:
“Apresento-lhes o meu irmão. Tem calos nas mãos, mas um nobre coração”.
Em 1937, depois de as águas se terem acalmado um pouco à volta de Padre Pio, Grazio mudou-se para San Giovanni Rotondo, instalando-se em casa de Maria Pyle. Aí passou os últimos nove anos da sua vida.
Vivia com serenidade, bem tratado por todos e não lhe faltava nada.

Livro: Padre Pio
Um santo entre nós
Renzo Allegri
Página 365

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