Mary Pyle nasceu nos Estados Unidos, numa família abastada, e foi sempre uma pessoa prática e idealista. Manifestou pela primeira vez esse seu caráter, colaborando com Maria Montessori, a fundadora do sistema educativo que leva seu nome. Mary tornou-se católica, ouviu falar de Padre Pio, foi até San Giovanni Rotondo para ver com seus próprios olhos e, encontrando ali o verdadeiro objetivo de sua vida, permaneceu para sempre.
Aquela moça americana, jovem e bem-educada, nunca teria imaginado que passaria a maior parte de sua vida numa pequena e remota cidade de montanha na Itália; mas foi o que aconteceu. Hoje ela está enterrada em San Giovanni Rotondo e seu nome será para sempre lembrado, junto com os demais antigos discípulos de Padre Pio.
Mary construiu uma grande casa nas proximidades do convento que, através dos anos, foi destinada a hospedar os inumeráveis peregrinos de língua inglesa. Ela também se encarregou de instruir as moças da cidade no que se referia à dignidade feminina, aos trabalhos manuais de artesanato e ainda participou de sua educação formal. Além disso, Mary tocava órgão na Igreja; formou e dirigiu o coro feminino que se tornou uma das mais características lembranças que os peregrinos levavam consigo daquele reino visível de Padre Pio.
Para os peregrinos de língua inglesa que já conheciam alguma coisa sobre esse reino, uma visita a Mary Pyle fazia parte integrante do seu roteiro. Nunca encontrei alguém que não ficasse impressionado pelo misto de força e doçura que formavam sua personalidade.
Por ocasião da inauguração do Hospital, eu levei dois cardiologistas americanos, Dr.White e Dr. Wangensteen, e também Dr. Evans, de Londres, para conhecê-la. Eles ficaram fascinados com seu modo de ser americano, descontraído e natural, num mundo que para eles era totalmente estranho. E então, quando o sino do convento tocou anunciando a hora da recitação do Angelus, Mary, que não tinha nenhum problema de respeito humano, levantou-se e recitou-o comigo em inglês, enquanto os outros ficaram em pé, inclinados respeitosamente, interessados mas não constrangidos, justamente porque ela tinha agido com total naturalidade.
Mais tarde, enquanto voltávamos para a cidade, o Dr. Evans disse-me que aquele tinha sido o final de semana mais extraordinário de sua vida, e que ele esperava um dia retornar sem nenhuma função oficial e com mais tempo. Não sei se isso ocorreu, mas tenho certeza de que, voltando lá, recorreria a Mary Pyle como guia e conselheira.
Por um lado, parece-me estranho que hoje Mary Pyle não esteja mais em San Giovanni Rotondo para oferecer hospitalidade aos novos e velhos amigos. Por outro, parece-me lógico que ela precedesse Padre Pio e estivesse lá, junto com seus outros antigos discípulos, para lhe dar as boas-vindas. De qualquer forma repito que, em San Giovanni Rotondo, seu nome — juntamente com o desses outros — nunca morrerá.
Padre Pio
Histórias e Memórias
John McCaffery
Página 143
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