Minha amiga Vanina é uma pessoa extremamente charmosa e inteligente. Mãe de dois filhos já adultos, descendência nobre, formação universitária.
Encontrei-me com ela a primeira vez em San Giovanni Rotondo, uns doze anos atrás. Revelou-me que, desde jovem fora uma filha espiritual muito dedicada ao Padre Pio, e com boas razões. Deixemo-la contar, com as próprias palavras, a curiosa história do encontro dos dois.
“Quando me preparava para o último exame, antes de ingressar na universidade, experimentava certas dificuldades com matemática e a ciência, e por isso fui tomar lições com um professor particular. Ele se dizia ateu e, apesar de excelente profissional, seguidamente extrapolava o campo científico para entrar no filosófico.
Tinha eu então dezesseis anos, e achava tudo muito estranho. Recordo que, de uma feita, começou a ridicularizar a doutrina da Santíssima Trindade.
Era pela tardezinha quando a lição terminou, e como estávamos próximos da basílica de São Pedro, resolvi me confessar. Naquele tempo o túmulo do papa Pio X se encontrava ainda na parte subterrânea da basílica e, sendo eu muito devota dele, decidi ir lá embaixo fazer umas preces antes da confissão.
Rezei pela conversão do meu professor e também para poder encontrar um confessor que fosse capaz de me explicar, com palavras que o meu professor pudesse entender, o mistério da Santíssima Trindade.
A tarde já ia descendo e a basílica estava prestes a fechar. Todos os confessionários pareciam vazios, e o primeiro guarda que encontrei me explicou não haver mais padres disponíveis, a solução era voltar no dia seguinte.
Frustrada, comecei a percorrer o meu caminho de volta, quando me deparei com um frei capuchinho, saindo de não sei onde. Perguntou-me se desejava me confessar. Surpresa, mas feliz, respondi que sim.
Falou-me maravilhosamente bem sobre a Santíssima Trindade, explicando tudo com palavras claras e simples. Na saída cruzei com o mesmo guarda, já pronto a fechar a porta. Pareceu admirado ao ouvir que eu conseguira um confessor.
Tempos depois encontrei alguns amigos e falamos de outro problema que me preocupava naquela ocasião. Um deles me aconselhou a procurar o Padre Pio e lhe pedir conselho. Quando vi sua fotografia, o reconheci imediatamente. Puxa vida, foi este mesmo que me atendeu em confissão, uma tarde, na basílica São Pedro.
Meus amigos não conseguiam acreditar, insistindo que eu estava redondamente enganada, pois ele nunca saía do convento de San Giovanni Rotondo. No meu interior comecei a duvidar. De fato, a penumbra da igreja, naquele final de tarde, podia ter-me confundido. Bem, pelo sim ou pelo não, certamente não era ele, e não pensei mais no caso.
Mais ou menos um ano depois, foi-me dado ir com uma caravana de estudantes, a San Giovanni Rotondo.
Ficamos aguardando numa sala do convento por onde o Padre Pio deveria passar e nos dar sua benção. Mas, para meu espanto, ao cruzar por mim, se deteve e me apontou o dedo.
– Eu a conheço… Tenho certeza de a conhecer ..
– Padre, deve haver um engano, é a primeira vez que venho aqui.
No dia seguinte fui me confessar, e a minha surpresa só fez crescer ao ouvi- lo dizer:
– Que bom vê-la aqui… Há quantos anos eu a esperava.
– Como lhe disse ontem – lhe expliquei – deve haver algum engano. Não estará confundindo com outra pessoa? É a primeira vez que venho aqui…
– Não, minha filha, não estou enganado, não a estou confundindo com outra pessoa. Você nasceu no dia em que seu pai morreu, e desde então venho rezando por você.
– Mas como? Eu não o conheço…
– Sim, me conhece. Lembra, no ano passado, quando procurava um confessor na basílica de São Pedro, em Roma? Aquele frade que a atendeu em confissão era eu.
Ele tinha-se encontrado comigo graças ao dom da bilocação.
Daquele momento em diante, nunca mais abandonei o Padre Pio, pois nele encontrei não só um guia espiritual e um conselheiro, como também, de certo modo, o pai que veio substituir aquele que não cheguei a conhecer.
Livro Caminhando com o Padre Pio
Clarice Bruno
Página 90.
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