Depois da santa missa, o Padre ia para a cela e descia novamente, após uns quinze minutos, para ir para a sacristia confessar os homens. Depois saía da sacristia, pele porta à esquerda do altar, para ir confessar mulheres.
Atravessava o corredor central da igreja, ao longo do qual, normalmente, as pessoas o aguardavam para lhe beijar a mão.
Ficava no confessionário desde as 7h30 da manhã até às 11h30. Antes do meio-dia dava a comunhão aos fiéis e seguidamente voltava para o convento pela portaria.
Antes da confissão dos homens, ia cumprimentar o Padre quando ele descia, e depois, para continuar a vê-lo, isolava-me num canto da sacristia e rezava até ele se levantar para ir confessar as mulheres.
Durante todo o tempo da confissão das mulheres, ficava ao pé do altar a rezar o terço.
Punha-me a rezar ora à direita, ora à esquerda do altar, até o Padre voltar à sacristia. Aqui, aproximava-me imediatamente dele para o cumprimentar, procurando acompanhá-lo até a portaria, por onde nunca perdia ocasião de tentar passar.
O Padre Pio era como um vento vigoroso que arrastava tudo e todos de maneira irresistível.
Uma manhã, depois da confissão dos homens, o Padre foi, como de costume, confessar as mulheres. A mesma multidão de sempre, o mesmo clamor e depois silêncio.
Uma a uma, as mulheres alternavam à direita e à esquerda do confessionário.
O Padre Pio não estava bem. Parecia afadigado, desde a manhãzinha.
Apesar das suas precárias condições de saúde, ficou a confessar pontualmente até às 11h30.
As pessoas já se tinham posto em fila dos dois lados do corredor central, esperando a passagem do Padre Pio, cuja mão tentavam ao menos beijar, quando não podiam dizer alguma palavrinha.
Eu encontrava-me ao lado direito do altar-mor, de onde facilmente podia ver o Padre quando ele se levantava do confessionário para se encaminhar pelo corredor central.
Vi realmente o Padre em pé, no estrado do confessionário, e depois, após ter olhado em volta, apercebi-me que se elevava cerca de dois metros. Tufos de nuvens sobre os pés, aos lados e por cima da cabeça começaram a encobri-lo, até o esconderem totalmente.
Surpreendido, baixei os olhos: e ei-lo a fazer genuflexão ao altar, de modo veloz, e a desaparecer. Corri para a sacristia, mas não estava lá.
As pessoas, entretanto, esperavam a passagem do Padre, que nunca mais aparecia. Os frades que, normalmente, o acompanhavam à ida e à vinda do confessionário, olhavam a volta, em vão, à procura do Padre; apressaram-se, por isso, a percorrer o corredor central, sobrelotado, para ir a sacristia, na esperança de encontrar o Padre Pio.
Desolados, foram à igreja pequena e disseram: “ O Padre Pio não se encontra, não sabemos onde se meteu.”
De tarde, no jardim, os frades perguntaram ao Padre Pio: “Padre , onde se meteu esta manhã?” E ele sorrindo, com rosto simples e cândido, respondeu: “Está manhã, assim que acabei de confessar e me levantei, senti tonturas na cabeça, a ponto de recear cair. Pedi gentilmente aos Anjos que me tirasse do embaraço e eles ampararam-me, permitindo-me caminhar sobre a cabeça das pessoas.Como eram duras aquelas cabeças!… mais duras que tijolos!”
Uma risada geral encerrou o incidente de percurso.

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