“Padre Pio – depõe outra testemunha, o capuchinho Arni Decorte – tinha o dom de fazer a gente rezar. Vivia-se a Missa. Ficava-se fascinado.
Posso dizer que só em San Giovanni Rotondo compreendi verdadeiramente o divino Sacrifício.
Sua Missa era demorada. No entanto, ao segui-la perdia-se a noção do tempo e do lugar. A primeira vez que assisti a uma Missa dele, senti pena ao vê-la terminar. Com espanto, reparei que tinha durado mais de duas horas.
A mesma impressão experimentaram quase todos. Apesar da hora insólita daquela celebração que parecia não ter fim, no momento em que terminava, quantos gostariam que continuasse por mais tempo!
“Pessoas que tinham vindo por mera curiosidade – testemunha o padre G. Amorth – choravam como crianças. Homens que não acreditavam, de repente sentiram-se livres de qualquer dúvida. Pessoas duras, de coração fechado ao arrependimento, ao perdão e à conversão, durante a Missa amadureciam uma decisão radical de mudança de vida. Muitos rapazes e moças, durante aquela celebração sentiram-se libertos de suas indecisões e se doavam inteiramente a Deus, na vida sacerdotal ou religiosa”.
Embora evitasse tudo o que pudesse parecer teatral, sua própria forma de rezar, seu silêncio, suas longas pausas, a maneira como pegava a patena com as mãos ensanguentadas, eram verdadeiramente dramáticos.
O que se passava entre Deus e ele era um mistério, mas podia-se adivinhar alguma coisa por certas pausas e certos silêncios mais demorados.
E pela expressão do rosto, que traía sua intensa participação no drama que vivia. Às vezes a Missa era para ele verdadeiro martírio. O suor escorria-lhe de mistura com as lágrimas. Um autêntico homem das dores a debater-se na agonia. Involuntariamente era-se levado a pensar em Cristo no Horto das Oliveiras”.
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