Esta noite sofri muitíssimo por causa de meu olho, que ficou vermelho, inchado e lacrimejando muito. Ontem, enquanto estava ventando, alguma coisa entrou-me no olho, num golpe ar.
Chego tarde à missa do padre.Em seguida, vou à clínica para que me examinem o olho, que dói, tornando-se insuportável.Não há oftalmologista;devo esperar até as 11 horas. Depois um clínico me examina e faz o possível para tirar o corpo estranho que ele suspeita ser uma lasquinha de pedra. Mas desiste,dizendo que não arrisca tocar no olho; após ter-me feito uma compressa e posto algumas bandagens, aconselha-me a ir logo a Foggia ou a Roma, porque a clinica ainda não está equipada para isso.
Volto ao convento justamente quando o padre está se retirando. Aproximo-me para beijar-lhe a mão, mas ele põe o dorso dela sobre o olho tamponado e só depois me dá a mão para beijar. A dor no olho parece atenuar-se.
Dado que minha vez no turno da confissão é às 15 horas, decidi ficar e partir com a caminhonete da noite.
Ao chegar a minha vez de me confessar, Padre Pio, no que diz respeito aos meus freqüentes ímpetos de cólera, diz: “[…]mas você não os percebeu!…”. Depois, olhando para o olho tamponado, perguntou: “ O que é que você tem no olho?”. Contei-lhe sobre a visita ao médico, sobre a pequena lasca e sobre a necessidade de ir a Roma para extraí-la. O padre diz: “Deixe-me ver”. Tirei as bandagens, e o padre, com os polegares, levantou a pálpebra e deteve-se a olhar longamente meu olho. Em seguida, perguntou se tinha algo mais para confessar. Como sempre, pedi uma palavra para minha esposa. E ele: “ Estejamos sempre sob o vigilante olhar de Deus, pensando que Deus, onde quer que estejamos, nos segue e nos vê”. Saí do confessionário com as bandagens na mão;quando estava para recolocá-las, senti o olho completamente livre.
Experimentei e reexperimentei muitas vezes abrir e fechar o olho, mas a dor aguda tinha desaparecido completamente.Então não houve mais necessidade de intervenção no hospital, porque nada mais havia no meu olho.
À noite, depois de ter novamente saudado o padre – que, rindo, disse: […] que paciência!” –, parti para Roma.
Minha esposa, pelo contrário, ainda ficou em San Giovanni Rotondo. Conta-me que, numa manhã, enquanto estava diante do altar de Nossa Senhora das Graças, escuta alguém atrás dela fazendo: “ Psiu! Psiu!”. É Maria Pyle, que a convida a afastar-se.Minha esposa fica muito nervosa. No dia seguinte, vai confessar-se com Padre Pio e lhe diz: “ Ontem, fiquei nervosa”, e antes que pudesse explicar, o padre exclama:”Você ficou nervosa? Ah, ah, ah, ah!…” e não pára mais de rir. Logo depois, acrescenta: “ Passe aqui na frente que lhe dou um tapa!”.E ela: “ Padre, eu mereço”. Mas o padre, mudando o tom de voz: “ Estúpida! Sabe que se eu a tocar só com um dedo você não se levanta mais?”; depois de uma pausa: “ Nunca se deve dizer: “ Senhor, pequei, mas usai de vossa misericórdia para comigo”…É preciso ter temor, mas um temor confiante… Lembre-se disso!”.
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