Mas o amor era mais forte que os temores, a compaixão sobrepujava qualquer outra consideração:
Quando sei que alguma pessoa está aflita, seja em sua alma, seja em seu corpo, o que não faria junto ao Senhor para vê-la livre de seus males? Tomaria de boa vontade sobre mim todas as suas aflições para vê-la partir consolada, e cederia a ela, além disso, o fruto dos meus sofrimentos, se o Senhor o permitisse.
Incapaz de desviar seu olhar de Jesus e das almas, descobria na oração o sentido dos seus sofrimentos, meditando na Palavra de Deus: Longe de mim o gloriar-me senão da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim, e eu crucificado para o mundo. Ser crucificado para o mundo na cruz de Cristo, tal era a sua alegria, pois assim unia-se a Ele no próprio ato Redentor…
Ele sabia que a Paixão salvífica de Jesus não estava terminada e que “o Cristo está em agonia até o final dos tempos”. Sabia que a cruz é uma realidade atual e não somente um instante no tempo, que ela envolve a eternidade. Que cada um de nós, não importa onde esteja na história, está unido ao Salvador que por ele se entrega sobre o Calvário numa certa sexta-feira do ano 28 ou 30. Que cada um dos nossos dias está misteriosamente inscrito nessa data, e que cada um dos nossos atos é assumido na morte do Crucificado. Desde cedo percebeu que este o chamava para cooperar em sua obra redentora, para tomar sua sua parte na cruz — no amor maior:
Jesus fez-me frequentemente ouvir sua voz em meu coração: “Meu filho, é na dor que se conhece o amor, tu o experimentaràs no mais íntimo de teu espírito, e mais ainda em teu corpo”.
Reconhecia que não era uma coisa fácil; mas, apaixonado por Deus e pelas almas, com o passar do tempo foi descobrindo os caminhos para realizá-la:
Para sermos bons servidores de Deus, importa estarmos cheios de caridade pelo próximo, conservarmos na parte superior do espírito uma inviolável resolução de cumprir a vontade de Deus, termos uma profunda humildade e simplicidade, a fim de sermos capazes de confiar-nos a Deus e de nos levantarmos tantas vezes quantas cairmos; aceitarmos o sofrimento causado por nossas próprias quedas e abjeção e suportamos com uma alma tranquila os outros e seus defeitos.

Livro: Padre Pio
Das sanções do Santo Ofício ao esplendor da verdade
Joachim Bouflet
Página 186

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